Após dissolver Ceitec, governo agora quer incentivar produção de semicondutores

Ministro Fábio Faria durante evento em Brasília. Foto: Cléverson Oliveira / MCom

Mais de um ano após decidir dissolver o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal que era a única fabricante de semicondutores na América Latina, o governo brasileiro agora diz que é necessário "alavancar a produção" dessas peças no País. Em participação nesta quarta-feira, 27, em seminário do Ministério das Relações Exteriores sobre a cadeia internacional de semicondutores, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, declarou que o Brasil tem "potencial como player".

O ministro disse que a chegada do 5G no Brasil demandaria maior fabricação de semicondutores, destacando que o País "só produz 10%" desses componentes e que nenhum deles seria adequado para a tecnologia móvel. "O menor chip que já conseguimos fabricar foi o de 180 nanômetros – para identificação de passaporte – enquanto um chip para 5G é de apenas 10 nanômetros", afirmou, segundo comunicado do Ministério das Comunicações.

Faria ressaltou, contudo, que isso seria possível apenas atraindo "parcerias internacionais". O ministro já afirmou no final do ano passado, em audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, que estaria negociando a instalação de uma fábrica da sul-coreana Samsung no Brasil, com a intenção de fornecimento dos componentes não só para o mercado interno, como para a Europa e a África. Esses mesmos argumentos foram declarados no evento desta quarta-feira, em Brasília. 

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O ministro ainda destacou que todos os chips de 5G atuais são fabricados na Ásia. Ele ainda fez referência à necessidade de semicondutores para carros da Tesla, do bilionário Elon Musk, com quem já negociou para utilizar capacidade satelital da Starlink para políticas públicas de conectividade

É um discurso que vai na contra-mão do que o próprio governo Jair Bolsonaro fez ao decidir dissolver o Ceitec no final de 2020, por meio do Decreto nº 10.578, justamente quando o mundo enfrentava uma crise global de fornecimento de semicondutores. A justificativa foi o desempenho financeiro da estatal, que acumulava prejuízos, ainda que houvesse previsão de reequilíbrio das contas e uma aparente falta de investimentos e incentivos para a capacitação científica desde 2018. 

A decisão de privatizar o Ceitec, a única fabricante de semicondutores da América Latina, não agradou a indústria de eletroeletrônicos brasileira. Apesar disso, em janeiro, Bolsonaro sancionou a Lei nº 14.302/2022 (antigo PL 3.042/2021), que prorrogou a vigência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) até o final de 2026. Fábio Faria chegou a mencionar na CCT do Senado que a suposta fábrica da Samsung no Brasil poderia ter o Ceitec como parceiro, mas o comunicado à imprensa do MCom não chegou a citar o Centro.

2 COMENTÁRIOS

  1. Grande governo "patriota", que liquida qualquer coisa que seja de origem nacional, seja energia, seja petróleo, seja Ceitec ou Embraer ou que bate continência para um secretário de estado dos EUA. Que gesto de patriota! Mais patriota do que isso só se eleger o Donald Trump para presidente do Brasil!

  2. A Ceitec Precisa Ser Ampliado e Não FECHADO. A Ceitec Precisa Fabricar Todos Tipos de Componentes Semicondutores e Não Somente Circuitos Integrados. Você Vai Comprar Em Uma Loja Componentes Semicondutores e Estão Vendendo Muitos Componentes CALCIFICADOS. Está Uma Verdadeira CALAMIDADE. A Ceitec Além de Se Renovar Para Fabricar Microcontrolador, Microprocessador, Transistores, Tiristores, Acopladores Ópticos, Diodos, LEDs, e Todos os Outros Componentes Semicondutores. Saudações.

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