A STC Group, grupo saudita de telecomunicações, comunicou a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) a sua intenção de buscar um assento no conselho de administração da Telefónica (a controladora da brasileira Vivo).
Os sauditas, valem lembrar, detêm 9,97% das ações da gigante espanhola, em operação aprovada no fim de 2024. O documento enviado à SEC no último dia 23 ocorreu menos de uma semana após a indicação de um novo CEO para a Telefónica, apoiado pelo governo espanhol.
"Após a aquisição das ações ordinárias conforme o acordo de compra contingente de ações, a Luxco [subsidiária do STC que investiu na Telefónica] planeja iniciar discussões com a empresa para buscar um assento no conselho", diz o comunicado dos sauditas enviado à autoridade reguladora dos EUA.
Essa é a primeira vez que a STC confirma publicamente a sua intenção de ter um assento no conselho da Telefónica. Embora os primeiros passos sejam como um investidor passivo, os sauditas ressaltam a possibilidade de avançar e conseguir mais protagonismo no futuro.
"Embora atualmente não haja intenção de fazê-lo, [a STC] pode, de tempos em tempos, envolver-se em discussões com o Conselho de Administração da empresa e/ou membros da equipe de gestão da empresa sobre, entre outros assuntos, potenciais combinações de negócios e alternativas estratégicas, os negócios, operações, estrutura de capital, governança, gestão, estratégia da empresa e outros assuntos relacionados à empresa", afirma a STC.
Além disso, os sauditas ainda dizem que "reservam-se o direito de alterar seu propósito e de formular e implementar planos ou propostas com relação à empresa a qualquer momento".
A Saudi Telecommunication Company (ou simplesmente STC) é a maior empresa de telecom do país árabe. A empresa tem como maior acionista o Reino da Arábia Saudita, por meio do Public Investment Fund (PIF).
Como parte do processo de aprovação de investimento estrangeiro direto na Espanha, a STC concordou com o governo espanhol na adoção de certas medidas para mitigar e proteger a segurança nacional e os interesses da Espanha.
Mudança no comando
Vale lembrar que no último dia 18 de janeiro a Telefónica anunciou uma mudança no comando global, com a saída de José María Álvarez-Pallete do cargo de presidente executivo para a entrada de Marc Murtra. Álvarez-Pallete exercia o cargo desde 2016.
No movimento, a companhia explicou que a alteração no comando reflete a mudança na posição acionária da companhia. Murtra foi indicado justamente pelo governo espanhol, de acordo com a imprensa local.
Isso porque entidades públicas da Espanha também ampliaram a participação acionária no grupo, sobretudo após a entrada dos sauditas no negócio: a Sociedad Estatal de Participaciones Industriales (SEPI), holding do governo espanhol para investimentos estratégicos, conta com 10% de participação na empresa atualmente.