Operadoras adotam estratégias distintas para uso de redes neutras

Foto: Marcos Mesquita

Três anos após a estruturação das principais redes neutras de fibra óptica (FTTH) brasileiras, as operadoras de banda larga têm adotado estratégias distintas para uso do modelo. Em paralelo, os próprios players usuários de infraestrutura neutra têm dobrado a aposta na diversificação.

Durante o evento TELETIME Tec Redes & Infra, realizado em São Paulo nesta terça-feira, 26, Sky e Vero compartilharam o avanço nas parcerias com o segmento neutro. Enquanto a primeira tem apostado fortemente na alternativa, com acordo ao lado de quatro empresas distintas, a Vero tem preferido uma abordagem híbrida, combinada à expansão orgânica e via M&A.

O uso das redes neutras, contudo, teve um passo importante em setembro último, com a adoção do modelo pela Vero nas maiores cidades até agora: Belo Horizonte e Goiânia. "Os resultados têm sido melhores que o esperado", reconheceu o CTO da Vero, Rodrigo Rescia.

Notícias relacionadas

Hoje a operadora tem contratos públicos de redes neutras com V.tal e FiBrasil, além de acordos pontuais com outras empresas, aponta Rescia. Nesta semana, por exemplo, um novo contrato foi firmado com a I-Systems com foco no mercado corporativo – onde a Vero também vê oportunidades com as rede neutras.

No caso da Sky, a abordagem ao lado de várias parceiras tem sido a tônica desde a retomada da aposta na banda larga em 2022, apontou a diretora de planejamento de vendas e operações, Karen Santucci. A empresa tem acordos com V.tal, FiBrasil, American Tower e I-Systems.

"Somos pioneiros em ter as quatro empresas e operamos com outras 11 empresas na América Latina", afirmou a executiva, em referência às demais operações do grupo Vrio (controlador da Sky) no continente. No caso do Brasil, a Sky está presente em 400 cidades e somava 77 mil clientes de banda larga até setembro.

No momento, uma das prioridades da operação é buscar "um recorte de regiões relevantes e com menor custo de aquisição, até pela questão do rouba monte" de assinantes, apontou Santucci. "É um mercado competitivo, mas ainda há tanto lares sem Internet quanto lares com Internet, mas sem qualidade nos serviços. Podemos aproveitar como conhecedores da geografia".

Vanguarda

Pelo lado dos players de rede neutra, a avaliação é que o Brasil se encontra na "vanguarda" da adoção das redes neutras, apontou o CEO da I-Systems, Fernando Barros.

Ele nota que das casas com cobertura de fibra no País, praticamente um quarto é detida pelas redes neutras. Ainda assim, o modelo não seria uma "jabuticaba" brasileira, com experiências em outros mercados como Reino Unido, Austrália e Itália e modelos bastante sofisticados, como redes neutras que atuam como marketplaces de diferentes operadoras.

Mas no Brasil, um dos grandes focos da empresa é a diversificação de serviços, inclusive com impulso da coligação com a IHS, operadora de torres sócia majoritária da I-Systems. Na rota de novos serviços está a oferta de soluções a nível de rua (SLS) e oportunidades em computação de borda (edge computing).

Novos negócios

Já a V.tal – maior rede neutra do País em termos de capilaridade – vê a adoção de diferentes modelos pelos clientes como uma prova de que a tese da vertical se comprovou válida, entende o deputy CCO da operadora, Lucas Aliberti.

"Hoje os próprios clientes nos provocam com novas demandas e linhas de negócio, e as operadoras de rede neutra têm conseguido se encaixar muito bem nessa cadeia de valor", afirmou Aliberti, defendendo o modelo de uma plataforma de soluções digitais com flexibilidade nos modelos, inclusive para o mercado B2B.

Em paralelo, a empresa também relata momento aquecido na demanda pelas próprias redes neutras de FTTH, afirmando inclusive que os últimos meses foram os "melhores" da operação da V.tal.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!