Abrintel cobra estabilidade para investimentos em torres no Brasil

Luciano Stutz. Foto: Marcos Mesquita

Entidade que reúne operadoras de torres e infraestrutura que investiram cerca de R$ 15 bilhões no Brasil nos últimos 15 anos, a Abrintel avalia que o País tem falhado em entregar "estabilidade e segurança jurídica" para investimentos do segmento. O cenário estaria inclusive reduzindo o apetite de investidores estrangeiros pela atividade.

O diagnóstico foi realizado pelo presidente executivo da entidade, Luciano Stutz, durante o Teletime TEC Redes & Infra, evento realizado em São Paulo nesta terça-feira, 26. A Abrintel reúne algumas das principais torreiras em atuação no País: American Tower, SBA e QMC Telecom.

"Investimentos em torres e data centers requerem estabilidade e segurança jurídica. Um business plan [plano de negócios] de 30 anos não pode mudar após cinco anos por conta de um jabuti", afirmou Stutz, na ocasião.

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O pano de fundo da manifestação é o impasse – atualmente em discussão no STF – sobre o compartilhamento obrigatório ou não de torres separadas por 500 metros de distância. Compartilhar as estruturas neste raio era obrigatório até 2020, quando o Congresso derrubou a exigência. A questão opõe até hoje as operadoras de torres e teles (estas, a favor do fim da restrição) e é debatida na Justiça.

Adensamento

O posicionamento da Abrintel também ocorre em um momento em que o adensamento das redes móveis tem sido observado com mais cuidado. O presidente da entidade citou estudo do Instituto IPE Digital apontando que na implementação do 5G, 88% das estações foram instaladas em torres que já existiam, com apenas 12% dos rádios sendo instalados em novas estruturas, basicamente para atendimento de compromissos.

Em paralelo, a saída da Oi do mercado de telefonia móvel também teria feito o setor "sofrer", explicando o motivo do volume de torres existente no Brasil hoje ser menor do que o calculado há cinco anos. Por conta de sobreposições, as compradoras dos ativos da Oi desligaram parte relevante das torres herdadas, lembrou Stutz.

Por outro lado, o executivo também apontou que as empresas de torres seguem investindo em novas infraestruturas no Brasil no momento presente. O movimento não seria restrito às associadas da Abrintel, incluindo ao menos duas outras grandes operadoras do segmento que estão com a mão na massa.

Colaboram para o movimento a atualização das leis municipais de antenas, ou processo que a própria Abrintel tem promovido a partir do movimento Antene-se. Hoje 845 cidades já possuem normas de instalação aderentes às regras federais para licenciamento de antenas, facilitando a realização de investimentos em locais que reúnem 57% da população nacional.

Outra questão relevante é o crescimento de novos modelos de sites, inclusive estruturas a nível de rua (SLS, na sigla em inglês) que não necessitam de licenciamento. Equipamentos acoplados no mobiliário urbano ou de baixo impacto visual (para contextos de limitações ambientais ou de tombamento) são algumas das apostas da cadeia.

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