Para Vivien Suruagy, presidente da Federação Nacional das Empresas de Manutenção e Instalação de Infraestrutura de Telecomunicações (Feninfra), deveria caber às empresas concessionárias de energia a responsabilidade pela fiscalização da ocupação dos postes, inclusive coibindo a atuação de empresas irregulares. "As empresas de energia não fiscalizam nada, mas elas cobram pelo uso dos postes", diz a executiva, que também é vice-presidente da Contic, confederação que congrega empresas de telecomunicações, informática e instalação de redes. Para ela, a situação atual de desordem na ocupação dos postes só chegou a esse ponto por conta dessa ausência de fiscalização por parte das empresas de energia.
Ela também chama a atenção para os custos de R$ 20 bilhões estimados para o reordenamento de cerca de 10 milhões de postes. "Quem é que vai pagar essa conta? O setor de telecomunicações? Se for assim, vai ser uma guerra mundial". Para Vivien Suruagy, o reordenamento deve ser feito com os recursos pagos a título de aluguel de postes, e ela defende que esse valor seja o custo incremental para a instalação de uma nova rede nos postes.
"Esse custo foi estimado pela LCA em R$ 0,90 por ponto de fixação em cada poste. Entendemos que esse é um valor justo, ou que se apresente uma outra conta melhor. Mas não concordamos com o valor de quase R$ 4,70 que foi proposto na consulta pública (da regulamentação conjunta). Esse número precisa ter um fundamento".
A este noticiário, ela ponderou que existem outras fontes possíveis, além do valor pago pelas empresas de telecomunicações pelo aluguel de postes. "Por exemplo, recursos do Fust, que podem ser ampliados com uma pequena taxa das empresas OTTs, como já se discute em alguns países".
Precarização
Vivien Suruagy criticou a falta de controle dos reguladores e a atuação de empresas de telecomunicações que utilizam empresas precarizadas para a instalação de rede. "Repito que estamos deixando uma bomba relógio em relação à qualidade das redes de telecomunicações. São redes instaladas sem nenhum cuidado técnico, por pessoas sem capacitação e com equipamentos não homologados ou de origem duvidosa, fruto de furto ou contrabando. Isso expõe a rede a riscos, inclusive de ataques cibernéticos", disse a presidente da Feninfra.
Como solução, a Feninfra defende que a Anatel e a Aneel exijam certificação das empresas que fazem implementação das redes de telecomunicações nos postes. "Exige-se certificação de equipamentos. Por que não exigir o mesmo de quem está implantando a rede?", questiona.