Até por conta da natureza do processo competitivo, a TIM ainda não pode informar muitos detalhes sobre os investimentos que pretende fazer ou quais frequências têm interesse no leilão do 5G. Mas a empresa está finalizando nesta terça-feira, 26, a proposta que será lacrada no envelope e encaminhada à Anatel na quarta-feira, prazo estabelecido pelo edital para o recebimento dos lances. A previsão é de um impacto de R$ 2,2 bilhões no plano de investimentos.
"Hoje à noite vamos fechar os envelopes e vamos entregar amanhã de manhã na Anatel", conta o vice-presidente de assuntos regulatórios e comunicação da TIM, Mario Girasole, em teleconferência de resultados do trimestre nesta terça-feira, 26. "Os próximos passos, com a ratificação dos resultados e assinatura dos documentos de autorização, vão acontecer na metade de dezembro, acreditamos", explica.
No momento da assinatura, será pago uma parcela de no mínimo de 5% do valor total ofertado no leilão. Depois, adiciona Girasole, haverá outros pagamentos relacionados à limpeza de espectro e que deverão acontecer só no começo de 2022, uma vez que dependem da criação Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF).
A intenção é lançar o 5G "o quanto antes possível", mas Girasole lembra que há a necessidade de se esperar a criação do Gaispi, grupo de trabalho que irá coordenar a limpeza da faixa de 3,5 GHz e será acoplado à EAF.
Impacto financeiro
Presidente da TIM, Pietro Labriola prevê que, em "rápido cálculo", haverá um aumento de R$ 2,2 bilhões em pagamentos iniciais comparado ao planejamento de Capex original. Essas saídas de caixa deverão ser progressivamente reduzidas até 2029, uma vez que o leilão tem o viés não arrecadatório, com foco em compromissos.
Após o leilão no dia 4 de novembro, a operadora vai mostrar os detalhes e casos de negócio nos quais pretende investir. "Prevemos o 5G como uma boa oportunidade de otimizar o Capex de rede por conseguir carregar maior volume de dados", destacou. Na primeira semana de março de 2022, a TIM vai colocar o impacto do leilão no plano industrial para o triênio 2022-2024.
Pietro Labriola diz que os fornecedores atuais, Ericsson, Huawei e Nokia, terão contratos com vencimento ao final do ano que vem. "Estamos avaliando possíveis diferentes contratos ao final de 2022. Mas ver qual a tecnologia que permite melhor relação custo/benefício", declara. O executivo reiterou que a Nokia não possui contrato assinado para o 5G especificamente.
A estratégia da empresa para o cliente final é a de proporcionar maior capacidade com o 5G para gerar mais consumo de dados. "No B2C, a monetização do maior consumo de dados é o nosso foco principal", destaca o CRO da TIM, Alberto Griselli. Segundo ele, a média de consumo atual dos usuários é de 5 GB/mês.
Cobertura
Um ponto pouco abordado foram os testes que a operadora já está fazendo com 5G standalone no Rio de Janeiro e em São Paulo. A empresa afirma ter obtido velocidades acima de 1,5 Gbps, mas, sobretudo, houve um ganho significativo na cobertura com a agregação de portadoras. Combinando o espectro de 3,5 GHz com o de 2,6 GHz (atualmente em uso no 4G), foi possível expandir o alcance em 65%.
Embora seja uma alternativa para aumentar a eficiência operacional da estação radiobase, é importante notar que a Anatel já definiu que as metas de cobertura relacionadas ao leilão não podem considerar a agregação de portadora. Ou seja: neste caso, o que vale para cumprimento da obrigação é apenas a faixa de 3,5 GHz.