OpenRAN ainda precisa ser mais discutido no Brasil, diz Qualcomm

Foto: Christoph Scholz

O OpeRAN pode se apresentar como uma tecnologia alternativa para a implantação do 5G no Brasil, caso consiga cumprir a promessa de redução de até 30% nos custos de implantação de rede. Mas há desafios a serem superados para que de fato se tenha redes com tecnologias abertas no 5G brasileiro, como a falta de padronização. A constatação foi apontada pelos especialistas que participaram do debate sobre infraestrutura para o 5G no Brasil no Futurecom nesta segunda-feira, 26.

Francisco Giacomini Soares, da Qualcomm, acredita que é necessário ter uma padronização e isso precisa ser encampado pelas operadoras, até porque existe um custo para garantir a tecnologia no 5G brasileiro. "OpenRAN é a quebra de um único fornecedor para um core de rede. Para isso acontecer, temos alguns desafios. Precisamos ter padronização. E existe um custo para tornar essas redes abertas, o que pode ensejar a destinação de benefícios e investimentos de recursos públicos para que isso seja feito", disse o executivo.

Soares também disse que uma das saídas que poderia facilitar esse processo seria se o leilão das faixas de espectro para o 5G endereçasse o uso de OpenRAN ou que parte dos recursos da operadora vencedora fossem usados para o fortalecimento dessa tecnologia, por exemplo.

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"Acredito que no Brasil estamos em um processo de amadurecimento dessa ideia. Eu acho que o OpenRAN vai acontecer e vai ser uma saída para o barateamento da rede. Mas precisamos discutir mais o assunto. Não vejo muito o mercado discutindo formas de padronizar o OpenRAN no Brasil. Sem dúvidas ele trará benefício para todo mundo", disse o representante da Qualcomm.

Para Gustavo Borges, da Anatel, quanto mais liberdade de escolha, melhor. Isso porque o 5G permite uma série de novos negócios e grande oferta de serviços pelas operadoras. "A mesma empresa que investe em infra também vai investir em serviços", disse.

Outras infraestruturas

Outro assunto que também apareceu no debate foi o uso dos postes – segundo a consultoria KPMG, atualmente o custo para organizar essas infraestruturas está na ordem de R$ 20 bilhões. Sobre o assunto, Lugato reforçou que para os pequenos provedores esse insumo é importante. Ele defendeu uma política isonômica para o uso de postes e linhas de créditos para o setor e lembrou que a Anatel e Aneel estão trabalhando para criar facilidades de acesso para os postes.

Já Alessandra Lugato, diretora executiva da Abrint, aponta que o compartilhamento de rede de acesso (RAN sharing) é uma realidade para as grandes operadoras, mas não para os provedores regionais. Ela salienta que o Decreto que regulamenta a Lei das Antenas e o direito de passagem aponta para uma saída que pode ajudar em muito os pequenos e médios provedores. O compartilhamento de redes com obras públicas pode ser uma combinação para a implantação de rede de telecomunicações.

O uso de recursos como do Fust e de debêntures incentivadas para financiar redes de alta velocidade foi um dos pontos que o representando do Ministério das Comunicações, Marcelo Romão. O diretor do Minicom disse que o debate sobre uso do Fundo já está na mesa do ministério. "O PL 172 já está com relator e em debate no Senado. O texto já foi aprovado na Câmara dos Deputados. Além disso, temos a política de debêntures incentivadas. Ela permite que o detentor de debêntures não pague Imposto de Renda sobre os lucros auferidos".

Na avaliação do representante do poder executivo, essas são fontes que também podem ser usadas para financiar redes OpenRAN.

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