Operadoras dão os primeiros passos para a virtualização de olho em fluxos de receita

Aos poucos, as operadoras brasileiras passam a entender e aplicar as tecnologias de redes definidas por software (SDN) e virtualização de função de rede (NFV). Ainda há, porém, um longo caminho pela frente – não apenas para aplicar as soluções, mas também para mudar a mentalidade dentro das teles. Durante painel no Network Virtualization Latin America no Rio de Janeiro nesta quarta, 26, o consultor executivo de tecnologia da Oi, Jorge Koreeda, explicou que, após conversa com fornecedores e muito estudo, a empresa achava que conseguiria redução no Capex e Opex, mas acabou percebendo que poderia alavancar novos serviços mais rapidamente e atrelados à estrutura digital. "Chegamos a fazer provas de conceito com o virtual CPE (vCPE), e foi interessante, mostrou a capacidade de ofertar SVA rapidamente para o cliente com portal self-service", declara. Ele espera também poder se adiantar às over-the-tops (OTTs) na oferta de novos serviços como firewall, antivírus e VPN, no caso de clientes empresariais, além de soluções para Internet das Coisas.

A companhia está elaborando um documento que detalha o processo que ele espera poder ser utilizado futuramente para a tecnologia 5G. "No ano passado fizemos uma RFI (requisição de informação) sobre vCPE e foi interessante, há diversas soluções no mercado e diversos pontos de vista de como implantar, mas não existe uma solução de prateleira pronta para nenhum player, sempre será customizada", afirma Kooreda.

O tempo para entrega de serviços é um ponto agravante, na visão do diretor de marketing da Embratel/América Móvil, Alexandre Gomes da Silva. "A teoria é que vamos reduzir o tempo e ter algum saving também na operação e investimentos, de alguma maneira isso nos permitirá investir por outro lado", alega, citando a oportunidade de segmentar a operação para aplicações como IoT, smart city, smart grid e carros autônomos.

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O grupo mexicano começou um programa interno em 2015 no Brasil "procurando entender o que viria pela frente", criando o que seria o portfólio e o roadmap da empresa com NFV e SDN. "Minimamente teríamos que entregar no mesmo ambiente nas redes, evoluindo para uma rede IP, híbrida, adicionando SVAs, trazendo novos ambientes virtualizados e chegando a um modelo diferenciado para itens dinâmicos suportado por nova arquitetura de sistemas de rede", declara. Segundo Gomes, a América Móvil tem soluções internas, mas ainda não em portfólio, com o próximo passo em soluções de estanque de clientes ou soluções massivas. "Estamos mensurando para ver se entregamos de maneira efetiva ou onde precisa ser ajustado para evoluir mais."

Fornecedores dão o caminho

Com passagem por companhias de tecnologia e pela própria Embratel, o gerente de software da Logicalis, Alex Hubner, explica que as empresa precisa se antecipar com a virtualização, e não agir de forma reativa ao mercado, com a SDN e o NFV como parte de conhecimento em software que "pavimenta a estrada para a 5G, não só na parte de rádio". Além disso, os ganhos em economia podem demorar. "No médio e longo prazo, sim, o Capex e o Opex se tornam o direcionador, mas a demanda atual é a agilidade." Hubner explica, entretanto, que as teles precisam ter cuidado com o "encapsulamento em camadas", para não ficar com sobreposição de "slices" de rede, "como no filme Inception (A Origem), em que um sonho dentro de um sonho acaba virando pesadelo".

O diretor-executivo sênior para Américas da Intel, Joseph Calandra, lembra que é necessário abordar a infraestrutura de rede para a 5G de uma forma diferente. "Se você repetir os erros do passado, se não vai abordar fornecedores e elementos da mesma forma, não vai destravar o novo potencial", explica, citando como exemplo de mudança de mentalidade a AT&T nos Estados Unidos. "É importante considerar as fases de desenvolvimento como testes, desde a fase de conceito, contextualização, até a fase de implantação", diz o diretor de vendas da Ixia, Carlos Barros. Hubner, da Logicalis, concorda. "SDN e NFV é uma necessidade não só para 5G, mas para 4,5G (LTE Advanced) também."

*O jornalista viajou ao Rio de Janeiro a convite da Logicalis.

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