Cai a demanda por torres e fabricantes diversificam produção

O mercado de torres metálicas para operadoras de telecomunicações passa por uma desaceleração de negócios, após a forte expansão no começo da década. Se inicialmente as teles nem queriam falar em compartilhamento de torres, para não facilitar a entrada de concorrentes num mercado ainda inexplorado, a palavra agora é dividir tudo o que for possível, garantindo economia de custos. Mas nem todos ganham com essa nova fase de cooperação. Os fabricantes de torres tiveram que procurar outras alternativas para manter as fábricas funcionando, pois a produção dessas estruturas para telecomunicação caiu verticalmente. Cada um apostou num tipo de oportunidade, desde o fornecimento para broadcast, aproveitando o lançamento da TV digital, até caldeiraria, que envolve gigantescas estruturas para armazenagem de petróleo ou grãos.
A Bimetal escolheu a área de energia para diversificar sua produção. A empresa nasceu como metalúrgica e agora retoma o mercado de construção metálica para compensar a queda na comercialização de novas torres. Em 2006, vendeu 693 estruturas metálicas, com receita de R$ 70 milhões. Em 2007, foram 756 estruturas, com faturamento de R$ 80 milhões e outros R$ 20 milhões com projetos turnkey. Só para Telemig e Claro foram cerca de 440 estruturas, diz Eduardo Foglia, gerente comercial da empresa, sediada em Cuiabá. Para 2008, a receita está estimada em R$ 55,3 milhões, com 600 estruturas. Isto, se o compartilhamento de sites pelas teles der certo, ressalta Foglia. Atualmente, telecomunicação representa 80% da receita, enquanto energia e outras estruturas metálicas são 10% cada, o que acabará se alterando.
A Vivo precisaria de 1,3 mil sites no Nordeste, e a Bimetal já está se preparando para colocar equipamentos da Vivo no site da Oi. A estimativa é de que sejam compartilhados em torno de 400 sites. ?Se 2007 foi o ano de instalação de torres, 2008 será a vez das torres de radiofreqüência, que são menores e mais baratas?, prevê o gerente.

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Muito trabalho, pouco dinheiro

Como a Bimetal partiu antes para a área de energia elétrica, a Networker Telecom decidiu procurar outra alternativa, há uns dois anos. Com uma fábrica em Mogi-Guaçu, no interior de São Paulo, com capacidade de 1.000 toneladas/mês de produção e processamento do aço para transformar em torre, a empresa decidiu projetar uma fábrica mais ampla para atender usinas de cana-de-açúcar, com fabricação e montagem de tanques, e o mercado petroquímico e de agricultura, para armazenagem de petróleo e grãos. A nova fábrica já está em operação há um ano.
Em 2007, a Networker faturou R$ 84 milhões, 25% a menos que os R$ 112 milhões em 2004, quando foi o pico, não só em função das torres, mas também pelos projetos turnkey, explica o gerente comercial, Dinarte Cardoso. Ainda cético em relação a 2008, diz que neste primeiro trimestre as vendas atingem R$ 30 milhões ante R$ 10 milhões em igual período de 2007. Entretanto, as vendas do ano não crescerão 200%, ele garante. O faturamento alto no começo do mês é por conta de contratos colocados em 2007.

Broadcast

A Networker tem trabalhado bastante também em broadcast. Com o lançamento da TV digital, as emissoras, suas afiliadas e repetidoras precisarão transmitir no canal digital. Para isto, precisarão adaptar as estruturas, pois a antena digital é totalmente diferente. A empresa está reforçando as antenas da Globo, em São Paulo e Rio de Janeiro; da Record (já concluiu na Avenida Paulista); e fez um projeto para a Bandeirantes, que ainda não firmou contrato. Cardoso explica que esse trabalho requer sofisticação e engenharia, uma vez que cada antena pesa entre 10 e 15 toneladas.
No caso da Globo, está alteando a torre para receber a antena digital. Fará também o trabalho de içamento da antena no morro do Sumaré. Lá reforça ainda a torre da TVE. (só para reforço são 100 toneladas). Em Minas Gerais, atende a Record e a Globo. Nos outros Estados, os contratos demorarão mais a aparecer, devido ao cronograma de implantação da TV digital.

Geração de energia

O diretor da Seccional, Paulo Abreu Junior, disse que a redução da demanda já era esperada. Instalada em Curitiba, a fábrica está se voltando para investimentos na área de pesquisa e desenvolvimento em projetos para geração de energia. Segundo Abreu Junior, além de a empresa receber o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica em 2005 e 2007, manteve a boa rentabilidade, mesmo em anos de turbulência de mercado. A empresa também está atendendo a América Latina e África, mas por enquanto 95% da produção destina-se ao mercado interno. O executivo admite que as novas licenças de terceira geração e outras tecnologias podem criar demanda, mas são células menores, portanto, com estrutura menor. O site já existe e requer apenas adaptações, com novas antenas e suportes, o que diminui a receita.

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