No resultado consolidado de 2024, a Vivo indicou avanço na estratégia de diversificar seus negócios e se tornar uma empresa de tecnologia, um objetivo de longa data do CEO Christian Gebara. Ao longo do ano, os negócios digitais da companhia responderam por 10,1% das receitas totais da operadora, sendo 7,3% apenas no mercado empresarial e outros 2,8% no B2C. As startups são consideradas fundamentais na estratégia.
Por um lado, o B2B registrou receita de R$ 4,06 bilhões (+21%), impulsionada pelos serviços de cloud computing (R$ 1,9 bilhão) e com as receitas da IPNet, uma integradora de serviços Google adquirida pela tele em julho passado, por uma cifra que pode chegar a R$ 230 milhões com as variáveis.
As outras receitas dos negócios digitais para empresas são oriundas de soluções de Internet das Coisas (IoT) e mensageria (R$ 1,1 bilhão), soluções digitais e equipamentos (R$ 817 milhões) e cibersegurança (R$ 211 milhões).
Consumidor final
Em outra frente, a subsidiária da Telefónica no Brasil também tem registrado avanços nos negócios digitais junto ao consumidor final.
Neste sentido, um dos destaques é a VivoPay, a carteira de serviços financeiros da Vivo, que registrou receita de R$ 461 milhões (+14,5%) no acumulado dos últimos 12 meses até dezembro.
A plataforma, que oferece funcionalidades como parcela Pix, antecipação do FGTS e seguros, teve o sinal verde do Banco Central, em setembro, para funcionar como uma Sociedade de Crédito Direto (SCD).
A licença permite que a tele possa oferecer empréstimos aos seus usuários. "Isso nos dará mais flexibilidade para desenvolver novos serviços e aumentar ainda mais a eficiência nessa frente de negócio", disse Gebara a jornalistas nesta quarta-feira, 26.
Dessa forma, somando os serviços financeiros com as receitas de entretenimento (R$ 725 milhões) – que encerrou com 3 milhões de assinantes de plataformas de conteúdo – e saúde e bem-estar (R$ 59 milhões), a Vivo chegou a uma receita média mensal por usuário de R$ 62,3 entre 57,2 milhões de CPFs distintos, o que reforça o posicionamento como um one-stop-shop para os clientes.
Venture Capital
A estratégia para avançar em negócios digitais está alinhada com a estratégia de desenvolvimento de soluções com startups, explicou Gebara. Dos R$ 320 milhões separados para investimentos no Vivo Ventures, a companhia já desembolsou até o momento R$ 138 milhões.
"Todos eles constroem essa visão nossa de serviços digitais. O objetivo do Vivo Ventures é, com certeza, a criação de valor nessas empresas de maneira individualizada, mas também poder conectá-las dentro do ecossistema da Vivo", disse o CEO.
Um dos aportes ocorreu junto o Canary, fundo de fundos que investe em empresas de tecnologia no early-stage. Outro movimento foi o follow-on na Klubi, fintech de administração de consórcios, em dezembro – a startup já era investida do Vivo Ventures desde 2022.
Em outubro, foi a vez da Agrolend, banco digital para produtores rurais, trazer o VC da Vivo para o cap table em uma Série C de R$ 300 milhões. De acordo com o executivo, a empresa tem evoluído para financiar a instalação de cobertura nas áreas agrícolas.
Essas iniciativas se somam aos cheques de R$ 5 milhões a CRMBonus, plataforma de relacionamento entre usuários e empresas, e de R$ 25 milhões na Conexa, companhia de saúde digital, ainda em dezembro de 2023. "Nós temos ainda muito investimento para fazer. Continuamos olhando todo esse mercado e esse ecossistema", finalizou Gebara.