Telebras e Viasat, dos EUA, formam parceria para explorar o SGDC

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A Telebras e a empresa norte-americana Viasat anunciaram nesta segunda, dia 26, uma parceria estratégica para explorar o uso do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC), operado pela estatal brasileira. A parceria prevê que a Viasat terá acesso à capacidade comercial do satélite para oferecer serviços de banda larga no Brasil para empresas, mercado de aviação comercial e serviços residenciais baseados em Wi-Fi em regiões com carência de infraestrutura.

A Viasat é uma empresa que opera banda larga via satélite nos EUA e fatura cerca de US$ 1,2 bilhão anuais. A empresa tem a atuação dividida entre os segmentos residencial, onde conta com cerca de 590 mil clientes; comercial, onde o principal foco tem sido na oferta de comunicação embarcada para aeronaves (IFC); e principalmente para o segmento governamental. Hoje, as vendas para governo representam cerca de 48% das receitas da Viasat, o segmento residencial responde por 38% e o segmento comercial traz 14% das receitas. A Viasat tem planos de entrar em todas as verticais em que atua nos EUA também no Brasil, e ainda trará ao país um modelo de conexão para áreas remotas e carentes por meio de redes WiFi com backhaul via satélite.

A parceria com a Viasat era o caminho bastante provável depois que o SGDC não conseguiu interessados no leilão de venda de capacidade, realizado no ano passado, e que ficou vazio. A empresa de Carlsbad, Califórnia, era uma das principais interessadas, mas no fim os termos do edital acabaram não agradando a empresa. A Telebras então partiu para o plano B e decidiu selecionar o parceiro por meio da lei das estatais, a Lei 13.303/2016, que não exige a realização de leilão. O acordo entre as duas empresas se dará em bases muito mais flexíveis do que as previstas no edital.

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Segundo informações apuradas por este noticiário, a parceria com a Viasat permite a ocupação de 100% da capacidade não-militar do SGDC, de um total de quase 60 Gbps, mas o total que ficará reservado para a Telebras e o que a Viasat poderá dispor livremente não estão divulgados. Especula-se que seja uma partilha da ordem de 60/40 em favor da Viasat. Os termos comerciais da parceria também não são conhecidos ainda, mas o modelo é de compartilhamento de receita, e espera-se que em 10 anos sejam gerados mais de US$ 1 bilhão em receitas no Brasil.

Segundo a empresa norte-americana, a colaboração irá "ajudar a complementar" o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), combinando a capacidade em banda Ka com a infraestrutura e rede da Viasat, que ainda usará a experiência em "levar serviços de banda larga escalável e acessível para comunidades onde o serviço de Internet tem sido historicamente indisponível".  Com a parceria, a Viasat apoiará a Telebras em projetos governamentais, como o Banda Larga para Todos, Gesac ou o Banda Larga nas Escolas, projetos para os quais a Telebras foi ou está sendo contratada. Sabe-se que este tipo de projeto de conexão a áreas rurais e de baixa renda tem sido um dos focos da Viasat no México, onde a empresa atua por ter cobertura satelital residual dos EUA.

Os equipamentos e a tecnologia da Viasat deverão dar suporte às operações da Telebras que utilizem o SGDC, assim como a rede da Telebras deve dar o suporte terrestre para as operações da Viasat. A expectativa é que os primeiros equipamentos da Viasat comecem a chegar no Brasil já em fevereiro, com início do serviço em abril.

"Nosso acordo com a Viasat nos permite estabelecer a infraestrutura necessária para levar comunicações de dados de amplo alcance, confiável e de alta velocidade – mesmo nas regiões mais remotas e menos populosas do país", disse em comunicado o presidente da Telebras, Maximiliano Martinhão. Ele afirma que espera que a parceria permita à empresa brasileira entregar as políticas públicas de universalização da Internet, enquanto constrói um "futuro competitivo globalmente" por meio da criação de empregos e capacitação, reduzindo as disparidades sociais com o acesso à banda larga. "Para resumir, este acordo significa confiança na recuperação da economia do Brasil e habilidade da Telebras de atingir seus objetivos." O CEO da Viasat, Mark Dankberg, disse estar comprometido em "ajudar o Brasil a perceber as oportunidades e benefícios que podem ser conseguidos com a conectividade no país".

A Viasat enfrenta, nos últimos meses, uma restrição para o crescimento de base nos EUA por conta da saturação de capacidade de seu satélite. Esta é uma das razões pelas quais sua base de clientes residenciais tem tido um leve declínio, já que a operadora se foca nos usuários mais rentáveis enquanto não tem capacidade. Espera-se que este problema seja aliviado com o Viasat 2, um satélite de altíssima capacidade (300 Gbps) lançado em junho do ano passado e que deve entrar em operação nos próximos dias. A empresa tem ainda uma série de satélites da série Viasat 3 programados e que devem estender a cobertura para outros países, inclusive Oriente Médio e Europa, e que devem ir ao espaço entre 2019 e 2020. O Brasil estava no mapa da Viasat, mas a parceria com a Telebras vai acelerar a entrada  da empresa no Brasil.

1 COMENTÁRIO

  1. Importante ter conhecimento sobre o montante que será pago pela VIASAT para explorar 60% da capacidade em banda Ka do SGDC para daí concluir sobre o retorno financeiro do investimento de 2.7 bilhões de reais!

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