CEOs de operadoras mostram diferentes abordagens contra OTTs

Apesar de o discurso da associação global de operadoras GSMA contra os serviços over-the-top (OTT) ser de "mesmo serviço, mesmas regras", nem todas as empresas lidam da mesma forma com a nova concorrência. A visão da operadora sueca Tele2 é, de certa forma, semelhante ao que a TIM tem praticado no Brasil: deixar os inimigos próximos. A CEO da empresa, Allison Kirkby, ressalta que é preciso oferecer a melhor conectividade de forma compatível com os investimentos.  "Não acreditamos em integração vertical, estamos focados em investir em conectividade, e fazer isso do ponto de vista com consciência financeira é com parceiros, colaboração com players OTTs, achamos que temos de abraça-los, temos que dar boa conectividade para eles investirem conosco", disse ela durante a Mobile World Congress, em Barcelona, nesta semana.

A diretora executiva entende que a parceria é importante, mas isso não significa que concorda totalmente com os OTTs – tanto que ela critica o comentário do CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, que afirmou que as empresas deveriam discutir menos a 5G e mais em conectar os 4 bilhões de pessoas sem conexão no mundo. "Acho que é um comentário muito injusto dele porque investimos muito, e eles não estão investindo no consumidor. Nós transformamos o mercado e fizemos a banda larga ficar disponível para milhões", justifica ela. A Tele2 nasceu de operação móvel, e argumenta que o fato de ser uma conexão fixa ou sem fio não fará diferença para o consumidor com a chegada da 5G, o que demandará ainda mais dados das OTTs.

O CEO da operadora saudita Saudi Telecom Group, Khaled Biyari, critica também a abordagem de universalização que Zuckerberg faz com o projeto Internet.org. "Em vários mercados onde o Facebook quer ter conectividade o problema é o dispositivo, que custa caro", diz, também chamando o comentário do executivo do Facebook de "injusto". Na Arábia Saudita, segundo o próprio Biyari, a regulação permite modelos de negócio flexíveis para as operadoras, que têm como fonte primária de receita os serviços de voz e de dados. "Nosso ambiente regulatório foi ajustado para permitir o modelo certo de preço", explica.

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Outra alternativa para driblar a fuga de receita é investir em novos negócios, como sugere o presidente e CEO da AT&T Mobility, Glenn Lurie. "Nós investimos em casa conectada, tecnologia que foi toda desenvolvida de zero, e que agora estamos licenciando com a Telefónica na Inglaterra (pela subsidiária O2); são coisas que investimos há muitos anos e estão dando retorno agora", diz. O próximo passo, ele explica, é trabalhar com carros conectados em parceria com a indústria automotiva. "Precisa de coragem, capital e inovação para sair do que a operadora faz normalmente", argumenta.

* O jornalista viajou a convite da FS.

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