As classes mais vulneráveis sofrem mais com a falta do acesso à Internet, mas a conexão, mesmo assim, tem impacto significativo na vida dos usuários das classes C, D e E. Os limites de franquia dos pacotes de celular também restringem o consumo e obrigam a procurar alternativas de acesso gratuito em WiFi aberto. Essas foram as conclusões da pesquisa "Barreiras e limitações no acesso à Internet e hábitos de uso e navegação na rede nas classes C, D e E", realizada pelo Indec e Instituto Locomotiva.
A pesquisa foi realizada entre os dias 26 de julho e 12 de agosto com mil pessoas, com 16 anos ou mais, das classes C, D e E e que acessam a Internet pelo celular. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais.
Para 80% dos usuários dessas classes, a Internet é a principal forma de contato com amigos. Essa alternativa foi a principal para 80% dos usuários de celular pré-pago, 84% de planos tipo controle e 73% do pós-pago. Os entrevistados também concordaram que a Internet é muito importante em suas vidas (84%), e se pudesse resolveria tudo online (84%). Mas quando se trata de trabalho, a Internet é a principal ferramenta para um percentual menor: 62%. Nas classes DE, o percentual cai para 57%.
Nessas classes sociais, o pré-pago é o principal modelo de pagamento do serviço de celular, apontado por 58% dos entrevistados. Na classe C, é a preferência de mais da metade (54%), mas nas classes DE é a ampla maioria (71%). É a modalidade mais popular (71%) também na faixa etária de 16 a 29 anos.
O plano controle é apontado por 29% dos entrevistados, divididos em 31% na classe C e 20% nas classes DE. Na faixa etária de 30 a 49 anos, 34% utilizam esse tipo de pagamento para o celular. O pós-pago puro é o modelo de apenas 12% das pessoas da CDE. Somando contas e recargas, o gasto médio é de R$ 43 por mês, sendo que nas classes DE isso cai para R$ 33 (e R$ 46 na classe C).
Diante dessa realidade, a população dessa faixa de renda acaba esbarrando nos limites de consumo de franquia. Em média, os pacotes duram 23 dias por mês, chegando a 19 nas classes DE. Dos entrevistados, 45% declararam ficar sem pacote de dados, índice que vai de 60% para usuários do pré-pago e 69% para as classes DE.
Quando acaba o pacote, os usuários fazem o seguinte:
WiFi
A saída é pela Internet fixa. De acordo com o levantamento do Idec, quanto menor a condição econômica do usuário, maior a dependência do sinal WiFi. Para mais da metade (56%), o acesso à Internet pelo smartphone é predominantemente pelo espectro não licenciado. "Nas classes DE, o índice vai a 66%, e a 63% entre os que possuem planos pré-pagos. Inversamente, 20% dos usuários das classes C, D e E afirmam acessar a internet pelo celular "mais pelo 3G/ 4G", índice que chega somente a 16% na classe DE", afirma o documento.
Nem sempre o WiFi está na própria residência. Os usuários CDE vão na casa de parentes e amigos (39%) ou no trabalho (28%) em busca do sinal compartilhado, ou então em locais públicos como praças (16%), restaurantes ou bares (14%) e lojas e shoppings (14%). Igual percentual de 14% é de usuários que se conectam na casa de vizinhos.
Preferência
O celular é o principal meio de acesso, apontado por 91% dos entrevistados. O notebook (4%) e o desktop (3%) são itens raros nas classes C, D e E, praticamente dividindo a popularidade com as smartTVs (1%) e videogames (1%).
Seja pelo acesso via rede celular ou pelo WIFI das redes fixas de acesso à Internet, a questão desta classes menos favorecidas está intimamente ligada a questão de um dos fatores que agravam a situação, que é a tributação exagerada dos serviços de telecomunicações. O ICMS é o que pesa mais para uma tributação que pode chegar aos 50% do preço do serviço.
Agora entendido como serviço essencial, pode ser que este cenário se modifique.