O leilão de 450 MHz poderá não receber nenhum interessado a depender do custo e das obrigações que a Anatel colocará para a faixa. Essa é a opinião de Ricardo Tavares, diretor de relações governamentais e industriais da Ericsson. Entretanto, se isso acontecer, na sua visão “não será o fim do mundo”. “Significará que neste momento a oferta não é atraente”, diz ele.
Vale lembrar que o cumprimento das metas de acesso rural do PGMU III está atrelado à existência de uma estrutura de rede em 450 MHz. Os prazos para as concessionárias atenderem o campo passam a contar a partir da viabilização desta rede. Então um eventual atraso na venda, acarretará em atraso no atendimento rural.
Tavares explica que o modelo de negócio é possível, mas é complexo. Das 118 redes CDMA em 62 países há apenas 20 milhões de usuários do CDMA 450 MHz no mundo, o que prejudica a escala dos aparelhos. Para evitar que o leilão fique deserto, a sugestão é a realização de um leilão barato e com poucas obrigações, a utilização do Fust para a compra dos terminais e a compra de serviços pelo governo para levar sua presença as áreas rurais.
Aliás, o terminal parece ser um ponto fundamental para o equilíbrio dos custos de atendimento do campo. A Oi fez um estudo preliminar e teórico sobre o assunto. Para cobrir 100% da área rural, haveria um Valor Presente Líquido (VPL) negativo de R$ 2,1 bilhões. Com subsídio do Fust para o terminal, o prejuízo seria de R$ 1,1 bilhão. Paulo Matttos, diretor de regulamentação e planejamento estratégico da Oi, disse que o equilíbrio entre receita e custo só seria encontrado quando a cobertura atingisse 43% da população rural com aparelho subsidiado. “As condições do edital vão ser determinantes para a atração de mais interessados ou menos interessados”, disse ele.