A operadora de redes neutras V.tal, controlada pelo BTG Pactual, foi a única empresa a apresentar proposta na segunda rodada do leilão da unidade de clientes de fibra da Oi – a ClientCo.

O preço oferecido em audiência da Justiça do Rio de Janeiro realizada nesta quarta-feira, 25, foi de R$ 5,68 bilhões.

Formalmente, a proposta da V.tal ainda será submetida aos credores da Oi com poder de decisão sobre a venda da ClientCo. Pouco antes da realização do procedimento nesta quarta, a Ligga teve qualificação barrada no processo.

O montante de R$ 5,68 bilhões oferecido pela V.tal será pago da seguinte forma:

• R$ 4,99 bilhões em ações de emissão da V.tal que, segundo apurou TELETIME, representam cerca de 10% do capital da empresa de redes neutras (hoje a Oi detém fatia de 17,5% na operação). Ao todo, a Oi ficará com 27,5% de participação na V.tal;
• R$ 375 milhões a partir de créditos extraconcursais detidos pela V.tal contra a Oi, decorrentes do contrato de uso de redes neutras FTTH firmado por ambas em 2022 (já considerando correção monetária, juros e taxas sobre valor principal de R$ 350 milhões);
• e R$ 308 milhões em dação de debêntures da 13ª emissão realizada pela própria Oi, e que haviam sido subscritos por uma subsidiária da V.tal (aqui, acrescidas de juros remuneratórios, taxas, prêmios em cima do valor principal de R$ 300 milhões).

Agora, os credores terão 10 dias para avaliar a proposta recebida. A operação ainda precisará ser aprovada pelos órgãos reguladores como Anatel e Cade. A data de fechamento tem como prazo final 31 de dezembro de 2024.

"Com a venda da ClientCo completamos mais uma etapa do nosso Plano de Recuperação Judicial e seguimos no processo de transformação operacional da companhia. A Oi manterá suas atividades no segmento corporativo e empresarial, com serviços de conectividade e TIC através da Oi Soluções", disse o CEO da Oi, Mateus Bandeira, em comunicado.

Projeções

Em fato relevante, a Oi também fez uma indicação importante ao anunciar os resultados do leilão, sinalizando que precisará refazer projeções apresentadas ao mercado em fevereiro.

"A Companhia informa que, considerando que as projeções divulgadas no Fato Relevante de 06 de fevereiro de 2024 foram preparadas na premissa do recebimento e manutenção, pela Oi, de um determinado valor em caixa na alienação da UPI ClientCo, a qual não se confirmou. Dessa maneira, a Companhia descontinuará a revisão e o acompanhamento de tais Projeções".

Na primeira rodada da venda da ClientCo, a Oi esperava R$ 7,3 bilhões pelo ativo (quase R$ 2 bilhões acima da proposta única recebida hoje). Só recebeu uma proposta de R$ 1 bilhão, da Ligga, que foi rejeitada.

Já nesta segunda rodada não havia preço mínimo e estavam previstas alternativas para o pagamento, como dação de ações e compensação de créditos. Mas também havia a expectativa que a V.tal pudesse manter a avaliação inicial dos clientes da Oi em R$ 7,3 bilhões, o que não aconteceu.

A rede neutra já tinha assumido compromisso de ficar com a unidade de fibra da parceira, no caso da ausência de demais interessados. O pagamento em ações deve ter como principais beneficiários os credores da Oi que estão em processo para assumir até 80% do capital da tele.

Pelos planos originais da Oi, além da venda da ClientCo por R$ 7,3 bilhões, a venda da participação da V.tal até 2026 renderia mais R$ 8 bilhões. Ou seja, R$ 15,3 bilhões seria o valor da soma dos ativos naquela ocasião.

Já considerando um valor de mercado da V.tal de R$ 50 bilhões, os 27,5% que a Oi ficaria na empresa representam um valor total de R$ 13,75 bilhões. Ou seja, a Oi está R$ 1,5 bilhão abaixo do que projetou em termos de valor dos seus principais ativos.

Empresa neutra

A ClientCo da Oi reúne 4,3 milhões de clientes de fibra óptica em todo o País, sendo a segunda maior base de assinantes da tecnologia detida por um grupo no Brasil. Além dos clientes devem fazer parte do negócio equipamentos ópticos e, eventualmente, contratos de trabalho, com fornecedores e de uso de imóveis. Pela proposta da V.tal, cada cliente da Oi Fibra foi valorado em cerca de R$ 1,3 mil.

Caso tenha proposta confirmada por credores, a V.tal criará uma nova operação para concentrar os assinantes, como forma de manter a neutralidade de sua operação de redes neutras de fibra.