Muitos leitores desse texto provavelmente ainda não eram nascidos em 1974 e uma minoria estava no ensino fundamental ou no médio. Em março daquele ano, o Rio de Janeiro assistiu à inauguração da Ponte Rio-Niterói; em julho, uniu-se com o estado da Guanabara; e em dezembro, sediou a primeira edição do Painel Telebrasil. No evento, representantes de empresas do setor de telecomunicações e de órgãos governamentais discutiram pautas como os encargos decorrentes do segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, a forma de controle orçamentário a ser implementado em uma empresa de telecom e a viabilidade e o desafio de instalar um telefone fixo em 24 meses. Passados 50 anos, o país tem mais acessos de telefonia móvel do que habitantes.
Nesse cenário marcado por desafios, avanços tecnológicos, inovação e oportunidades o Painel Telebrasil nasceu, cresceu e se tornou um espaço crítico e relevante para as telecomunicações do Brasil. Tornou-se, na verdade, um ambiente de discussão, que integra os diferentes atores do mercado nacional, e de registro de marcos importantes em suas 67 edições –– como debates sobre modelos de leilão, atualização de regras de licenciamento de antenas, a chegada das novas tecnologias, das empresas privadas na operação do serviço e de todo o ecossistema de telecomunicações.
Cinquenta anos depois, temos um país completamente diferente. Ao mesmo tempo, as pessoas que estiveram no primeiro Painel Telebrasil e aquelas que estarão em Brasília nos dias 5 e 6 de novembro têm uma coisa em comum: a visão de que a evolução das telecomunicações é um elemento fundamental para o desenvolvimento e o futuro do país.
Assim, realizaremos a 68ª edição do Painel Telebrasil apoiados em números impressionantes: 100% das cidades brasileiras estão conectadas com redes móveis; registramos mais de 300 milhões de acessos de telecomunicações, seja com telefonia fixa ou móvel; contamos com indicadores de cobertura, consistência e qualidade de rede presentes em rankings internacionais, destacando-se inclusive para redes 5G. A tecnologia de quinta geração comemorou dois anos de implementação em julho, e os mais de R$ 116 bilhões de investimentos feitos pelas operadoras, entre 2021 e 2023, resultaram no alcance e no sucesso da tecnologia que vemos hoje.
Em 2024, na edição especial de 50 anos do Painel Telebrasil, queremos destacar como diferentes setores da economia brasileira se beneficiaram da conectividade ao longo dos anos. Como o agronegócio se reinventou, como o 5G permitiu à saúde e à educação o uso de recursos como Inteligência Artificial, e como a conectividade revolucionou o sistema financeiro brasileiro ao habilitar, por exemplo, soluções como o pix. Queremos discutir os próximos desafios do setor, o que inclui a ampliação da inclusão social a partir da conectividade, e estabelecer, na prática, uma agenda de sustentabilidade ambiental e social. É preciso colocar a conectividade como prioridade nacional, e assim, pensar o futuro em projetos e iniciativas que atendam às principais demandas do país. Passados 50 anos do primeiro painel, novos e importantes desafios compõem a nossa pauta. Nos vemos em novembro, em Brasília, para a 68ª edição do Painel Telebrasil.
Sobre o autor: Marcos Ferrari é presidente-executivo da Conexis Brasil Digital. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem o ponto de vista de TELETIME.