No Senado italiano, Bernabè se diz contrário à venda da TIM Brasil

O acordo para aumento de capital da Telefónica na Telco, holding maior acionista da Telecom Italia com 22,4% de participação, ganhou destaque nos noticiários brasileiros e deu início a uma série de especulações sobre o destino da TIM no Brasil quando, e se, o grupo espanhol passar a ser acionista majoritário da Telco (atualmente tem 46,18% das ações de controle).

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A comoção no mercado italiano, entretanto, foi tamanha que o assunto ganhou status político e o chairman da Telecom Italia, Franco Bernabè, foi convocado ao Senado, em Roma, para prestar esclarecimentos. Aos senadores italianos, o chairman disse que ficou sabendo do acordo na Telco entre Telefónica e Assicurazioni Generali, Intesa Sanpaolo e Mediobanca "pelos comunicados de imprensa" e que o futuro da Telecom Italia não deveria ficar a cago "apenas da Telefónica, mas, sim, de todos seus acionistas".

Bernabè deixou claro que ainda busca saídas para reduzir a dívida líquida da companhia (de cerca de 29 bilhões de euros), não ter seu crédito rebaixado por agências de rating e, ainda, evitar que a holding passe a ser controlada pela Telefónica.

A Telecom Italia precisa, segundo o chairman, "de um aumento de capital, aberto aos atuais ou a novos acionistas" para evitar o rebaixamento do rating de crédito da companhia para "junk". "Há muita liquidez e as condições de mercado são favoráveis para um aumento de capital", defendeu.

Ele se posicionou também contrário à venda da TIM Brasil, algo que pode vir a ser exigido pelos órgãos reguladores e de defesa da concorrência brasileiros caso a Telefónica passe a ser acionista majoritária da Telco e a controlar, assim, a Telecom Italia.

A venda da subsidiária brasileira "reduziria imensamente o lucro (da Telecom Italia) no exterior e suas perspectivas de crescimento" e que tal venda não seria concluída a tempo para injetar dinheiro na companhia e impedir o downgrade no crédito.

Na imprensa italiana, centrais sindicais pedem a intervenção política na Telecom Italia para evitar que Telefónica assuma o controle da incumbent italiana e faça cortes em seu quadro de funcionários.

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A "visita de cortesia", como foi classificado pelo presidente da Telefônica/Vivo, Antonio Carlos Valente, o encontro que ele e o chairman e CEO do grupo Telefónica, Cesar Alierta, tiveram com a presidenta Dilma Rousseff no fim da terça-feira no hotel em que a presidenta estava hospedada em Nova York parece ter servido para um puxão de orelhas no ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Bernardo havia declarado na terça que a Telefónica não poderia controlar a TIM e a Vivo no Brasil: "Claramente, o que a gente tem de forma objetiva é que uma empresa não pode controlar a outra, elas não podem fazer essa concentração. Isso significaria uma concentração muito grande nas mãos de um grupo e seria diminuir um concorrente no mercado, que para nós é uma coisa muito negativa".

Nesta quarta, 25, entretanto, Dilma falou a jornalistas em Nova York que a declaração do ministro Paulo Bernardo foi uma opinião "pessoal" e que não reflete a posição oficial do governo. A presidenta destacou que quem deve determinar a possibilidade ou não de a Telefónica controlar ambas as operadoras (Vivo e TIM) é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

De qualquer maneira,  visitas de cortesia dessa natureza são raras, ainda mais sem agenda prévia, com a presença da presidenta da República e do presidente de uma empresa de telecomunicações, em Nova York, no meio de uma missão oficial. O encontro suscitou no mercado a desconfiança de que a Telefônica possa estar, efetivamente, buscando uma negociação com o governo para conseguir viabilizar a consolidação entre TIM e Vivo no Brasil, o que exigiria uma flexibilização importante das regras da Anatel no caso das frequências e licenças, e do Cade, no caso concorrencial.

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