Segundo um cálculo realizado pelo Ministério das Comunicações, levando em consideração um backhaul ótico, backbone e redes de acesso nas cidades a uma velocidade média ofertada de 35 Mbps em todas as residências, o valor dos investimentos precisariam ficar em torno de R$ 120 bilhões no País. Diante disso, facilitar o acesso à infraestrutura se mostra como uma saída óbvia para dotar o Brasil desse tipo de infraestrutura. O secretário de Telecomunicações do Minicom, Maximiliano Martinhão, diz que o governo está buscando facilitar o financiamento de crédito do Finame, que aceita projetos de até R$ 20 milhões. "A fibra não era financiada, então, estamos conversando com o BNDES para que ela também possa ser incluída", detalhou ele durante o seminário TelComp nesta quarta, 25.
Segundo Martinhão, os projetos do RE-PNBL submetidos já somam R$ 13 bilhões em investimentos até 2016, sendo que a fibra é responsável por uma boa parte disso. "Um quarto dos investimentos nos projetos é em rede de acesso ótico", garante. O Minicom afirma que o primeiro projeto foi aprovado nesta semana.
Outro facilitador é o Sistema de Negociação de Ofertas no Atacado (SNOA), que é considerado pela Anatel como um grande "divisor de águas nas relações entre prestadoras de telecomunicações, especialmente as que têm poder de mercado significativo (PMS)", como afirmou o conselheiro Marcelo Bechara. Segundo ele, o sistema "permite que quem quiser ter acesso a determinado insumo no atacado possa ter acesso a essa infraestrutura em um modelo em que se prestigia a negociação, busca-se transparência, visão das diversas ofertas disponíveis e, evidentemente, a resolução de conflitos", declara. "A tendência é que, em médio e longo prazo, consigamos criar um ambiente pacífico."
Bechara considera que o SNOA é a "materialização do PGMC (Plano Geral de Metas de Competição) em sua essência", pois dá isonomia com medidas assimétricas, possibilitando novos entrantes ficarem mais competitivos. "Eles têm a possibilidade de investimento direto construindo ou tendo acesso à infraestrutura, ou tendo um mix das duas coisas", diz.
Mercado interno
A infraestrutura de fibra ótica ainda terá muita demanda e oportunidade no mercado brasileiro, estima a fabricante de cabos Furukawa. Afinal de contas, com 1,2 milhão de homes-passed, o País tem penetração entre 15% e 17%, atrás do México, que tem penetração de 18%, e do Uruguai, que já tem 26% graças a um programa de universalização de acesso. "A chance do Brasil é voltada a ter presença nas cidades; para isso há as pequenas operadoras, que já chegam a seis mil, porque tem muita gente com rádio e que não tem a infra completa, sem licença. E a gente não olha o rádio como competidor da fibra, mas como um primeiro passo (rumo à adoção da fibra)", declarou o CEO da empresa, Foad Shaikhzadeh.
Ele explica que, após a privatização do setor em 1998, o mercado de fibra teve grande crescimento no País, mas também houve modernização dos próprios cabos que procuravam facilitar a instalação em redes metropolitanas. "O problema ficou dez vezes maior, tivemos que pensar em modelos diferentes, e o cabo usado ficou 24% menor e com peso 40% mais leve", detalha Shaikhzadeh. Com isso, a instalação ficou mais rápida, mas não solucionou o problema por completo. "O grande drama da instalação é a falta de mão-de-obra, não é a indústria", lamenta, apesar de lembrar que há desenvolvimento de produtos de instalação e acessórios que têm facilitado essa etapa.
Considerando somente as 38 operadoras competitivas, ou seja, as que estão fora dos grandes grupos, a rede das prestadoras que compõem a Telcomp é de 447 mil km (que inclui fibra e rádio). "Isso é praticamente do tamanho de um grande grupo, e é sinal de que elas começam a ter um porte maior", declara o presidente da entidade, João Moura. O faturamento bruto anual dessas empresas é estimado em R$ 20,9 bilhões, o que seria 9,7% de todo o faturamento do setor. Também há oportunidades na fibra como backhaul para a rede móvel. Segundo a Telcomp, apenas 20% das estações radiobase (ERBs) contam com fibra.
O mercado corporativo também é um grande motivador para a instalação de backhaul de fibra. A Ascenty, por exemplo, afirma contar com cerca de 1.200 km de fibra em uma rede própria, que vai fornecer a capacidade de 80 Gbps para novos sites. "Vamos construir mais dois data centers, um agora em janeiro em Jundiaí (SP), e outro em Hortolândia (SP) em abril", afirma o CEO da empresa, Chris Torto. A companhia prevê ainda para 2014 um data center em Fortaleza.