Além de pedir por prioridade na vacinação, as associações que representam profissionais no setor de telecomunicações também estão procurando criar uma espécie de selo de qualidade para empresas que implantam e dão manutenção nas redes de telecomunicações. O objetivo é assegurar que essas companhias não apenas adotem as melhores práticas, qualificação e capacitação para os trabalhadores, mas também não utilizam mão de obra precarizada e equipamentos e recursos de origem duvidosa.
A presidente da Feninfra e da Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (ConTIC), Vivien Suruagy, destacou que esse selo de qualidade já está sendo implantado em "algumas convenções". Durante o segundo painel do Feninfra Live, evento organizado por TELETIME nesta sexta-feira, 25, a executiva detalhou do que se trata essa certificação.
"É um selo de qualidade que faz a análise de capacitação técnico, jurídico e fiscal da empresa. Entra em questões de pagamento de impostos, viabilidade financeira, qualificação e registro de funcionários, bem como cumprimento de convenções coletivas. É para empresas que existem [de fato], e não as que só existem no papel", destaca.
Suruagy se refere às companhias clandestinas como "empresas fantasmas", que não têm endereço ou representação para atendimento às organizações clientes, além de serem potencialmente receptadoras de equipamentos roubados. "Minha maior preocupação são essas empresas fantasmas que estão chegando agora, fornecendo infraestrutura, dizendo que podem bilhetar, mas que não são registradas na Anatel, ninguém as conhece e que eventualmente – e não quero ser leviana – estão ficando com parte do nosso material que está sendo furtado. E isso não podemos permitir."
Reflexo no serviço
Presidente da Fenattel, Gilberto Dourado reitera: "Essas empresas fantasmas têm de ser banidas, e isso está demorando muito". Ele explica que há uma luta nas entidades para tentar coibir, mas que essas companhias estão utilizando táticas para evitar a fiscalização, como atuação em condomínios fechados. "Estamos junto com a Feninfra nesta luta incansável para o selo de qualidade. Há empresas que não querem nada, só vêm para atrapalhar e arrumar atrito. Como sindicato, temos boa vontade para ter trabalho de qualidade, para que possamos ter o selo com as empresas que respeitam [as leis]", adiciona.
Dourado coloca que a falta de qualidade das equipes de campo se reflete na prestação do próprio serviço, recaindo para o consumidor o ônus. Além disso, cobra urgência de autoridades competentes para tomar a frente da situação do mercado clandestino. "Estamos demorando para tirar esse pessoal do mercado. Eles vivem de roubo, de tirar cabo de nossas redes. Temos todos que nos juntar e bani-los do mercado", declara, reforçando que o selo de qualidade seria um caminho para a não precarização do trabalho.
O deputado federal Fernando Coelho (DEM/PE) destaca que há algumas das empresas na informalidade que teriam vontade de se regularizar, embora outras tantas prefiram manter o caminho de empresa fantasma. "Esse aí não vai ser correto nunca, ele não quer", declara. "Mas esse conseguimos expurgar com o selo."