A avaliação do Comitê de Espectro e Órbita (CEO) da Anatel sobre as complexas condições de convivência entre futuros serviços 5G e os sistemas de TVRO na faixa de 3,5 GHz ainda não é vista pelo SindiTelebrasil, que representa as principais operadoras do País, como um ponto final para a questão. Para a entidade, é preciso que os testes de campo sobre a possibilidade de mitigação sejam concluídos, após paralisação por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Só então será possível dizer se, de fato, a convivência dos sistemas de 5G com as transmissões via satélite em banda C é tão problemática como sugerem as análises da Anatel, e chegar a uma conclusão sobre a forma e valores do edital.
Presidente executivo do SindiTelebrasil, Marcos Ferrari, endereçou a questão nesta segunda-feira, 25. "Temos que terminar os testes de convivência com a TVRO, que são fundamentais porque vão apontar a saída de política pública. Enquanto não estiver claro, fica difícil precificar o edital", afirmou.
"Essa situação antagônica entre migração [para a banda Ku] e mitigação [da interferência do 5G no TVRO] significa mais ou menos custos para o governo. Até agora, a mitigação tem se mostrado menos custosa e mais viável, e para isso são necessários os testes de campo, que infelizmente, com pandemia, foram paralisados", prosseguiu. Defendida pelos radiodifusores, a opção de migração dos serviços satelitais em 3,5 GHz para a banda Ku também está sendo avaliada de perto pela Anatel.
"Então defendemos que haja [a retomada dos testes] o mais rápido possível, para que edital possa indicar o preço correto", concluiu Ferrari. Como os testes de interferência foram suspensos no final de março por conta da pandemia, estudos e simulações computacionais ajudaram a subsidiar os estudos publicados pela Anatel na última semana. No caso, a conclusão foi de que os filtros LNBF disponíveis hoje ainda não têm condições de assegurar uma mitigação completa, dificultando a convivência entre 5G e TVRO em 3,5 GHz.
Políticas públicas
Secretário de telecomunicações do MCTIC, Vitor Menezes também abordou o tema durante evento promovido pelo Tele.Síntese nesta segunda-feira. "A Anatel deve avaliar qual a melhor solução técnica e econômica. Quão mais cara for a solução, haverá menos recursos para políticas públicas [de cobertura]. Se uma solução custar R$ 20 bilhões, será mesmo que ela é a melhor?", questionou. "Então estamos acompanhando todas as soluções. Infelizmente os testes foram atropelados pela pandemia, mas estamos acompanhando".