Conectividade significativa passa por mudança de mentalidade e foco, dizem Anatel e Minicom

Seminário Conectividade Significativa, organizado pela Anatel e pelo BID.

Na abertura do evento organizado pela Anatel e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para discutir o ambiente da Conectividade Significativa, realizado em Brasília nesta terça, 25, o presidente da agência , Carlos Baigorri, disse que o futuro da Anatel e sua contribuição para as políticas públicas passam, após 25 anos de existência da agência, por uma mudança em sua mentalidade. Ele apontou que quando a Anatel foi criada, a meta era levar infraestrutura de rede de telecomunicações Brasil afora. Agora, diz ele, a fase é outra. O ministro das Comunicações Juscelino Filho foi na mesma linha: o foco das políticas agora terá que ser outro.

"Todo nosso modelo mental tem sido o de levar rede para onde não tem rede. Mas hoje, após 25 anos, avançamos bastante nisso. Ainda temos rincões a superar. Mas, também, observamos que há outros desafios que precisam ser superados. Um deles é a garantia da conectividade significativa para os cidadãos. Estamos agora debatendo em como alcançar a meta de garantir este acesso significativo para as pessoas", disse no evento.

Baigorri explicou que essa reflexão surgiu a partir de uma provocação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. "Em uma reunião em Barcelona, ele colocou que o principal objetivo do MCom era levar uma conectividade universal e significativa para os brasileiros. Nesse sentido, o objetivo aqui deste evento é fazer uma reflexão sobre o que é esta conectividade. Lá mesmo em Barcelona, comecei a procurar entender o que era essa conectividade significativa", disse o presidente da Anatel.

Notícias relacionadas

Universalização e qualidade

Para o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que também participou da abertura do evento, a perspectiva da conectividade universal e significativa são perspectivas complementares e que precisam estar equilibrados. "Não queremos um serviço universal de má qualidade nem uma significativa para poucos. Isso não trará benefícios". Para o ministro, o importante é universalizar a conectividade significativa. "Queremos a Internet que melhore a vida da pessoas e que permita aos mais ricos e mais pobres as mesmas oportunidades", diz. Segundo ele, essa Internet é a que de fato representa a inclusão.

"Na medida em que o acesso universal se torna realidade, a conectividade significativa passa a ser o nosso foco das políticas no Ministério das Comunicações", disse o ministro. "Apesar da evolução nos últimos anos, ainda há grandes diferenças entre áreas rurais e urbanas e em áreas remotas. Mas está em fase de implementação um conjunto de políticas que fecham essas brechas", disse ele, otimista que em seis anos a universalização de cobertura será completada, sobretudo com os compromissos do5G e investimentos nos programas Norte Conectado e Nordeste Conectado, uso do Fust e Internet Brasil. 

"Mas a conectividade significativa e universal passa por mudar o foco da atuação do Estado centrada em telecomunicações para uma política pública centrada no cidadão que usa a Internet, e não apenas (usa) a rede que carrega o sinal. O trabalho do governo é criar condições para que o preço esteja bom, a qualidade esteja adequada e para que cada pessoa possa entender como a tecnologia tornará a sua vida mais fácil", resumiu o ministro.

"Essas são as metas que representam nosso maior desafio. Temos que encarar o problema das habilidades digitais", disse o ministro, citando um trabalho necessário na educação formal e na capacitação. "Isso é essencial para que as pessoas participem do ambiente digital, como um elemento de transformação digital da economia e da sociedade", disse o ministro, lembrando da importância de uma inclusão do letramento digital nas políticas.

Inclusão para o crescimento econômico

Para o representante do BID no Brasil, Morgan Doyle, a inclusão digital é um elemento fundamental para o crescimento econômico. "Eliminar a lacuna da conectividade traz um ganho de produtividade de 5,5% e um crescimento de mais de 6%". Segundo ele, esse é um trabalho da Anatel, do Ministério das Comunicações e dos atores de mercado. "O Brasil tem um percentual elevado de uso de Internet, acima de 90%, mas isso não se traduz em um pleno uso da população. Há lacunas importantes e é preciso estimular as ações de infraestrutura e também as ações de inclusão digital que promovem o acesso de baixa renda, a alfabetização digital e o uso da Internet. Esse é o foco central da Conectividade Significativa que trazemos nesse debate", disse Doyle.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento destaca a sua atuação em parceria com a Anatel e o apoio de iniciativas, como a linha de crédito Brasil Mais Digital, de US$ 1 bilhão, anunciada no ano passado. "Essa linha visa financiar políticas públicas de infraestrutura, soluções financeiras e reformas de política e regulamentação". Segundo ele, o BID também agrega expertise técnico, como o trabalho de mapeamento da infraestrutura digital no Brasil realizado com a Anatel. "Estamos empolgados com a ideia de fomentar políticas públicas baseadas em evidências". (Colaborou Samuel Possebon)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!