Demanda 5G coloca Nokia sob pressão no primeiro trimestre

Mesmo mantendo uma perspectiva de alta nas receitas para o segundo semestre, a Nokia tem enfrentado desafios para dar conta da demanda 5G. No primeiro trimestre, a companhia deixou de capturar cerca de 200 milhões de euros em vendas de produtos de quinta geração cuja faturamento estava previsto, sobretudo para clientes da América do Norte. Ainda que os valores devam ser reconhecidos até o final do ano, a questão colaborou com um já esperado fraco resultado operacional da empresa no período.

Os números incluem alta de 2% nas receitas, para 5,032 bilhões de euros, mas queda anual de 2% a câmbio constante. O prejuízo operacional foi de 59 milhões de euros ante lucro de 239 milhões no primeiro tri de 2018. No padrão IFRS, a perda operacional soma 524 milhões de euros; neste caso são considerados custos como a aquisição e integração da Alcatel-Lucent e reestruturações. Já a margem operacional ficou em -1,2%, ou -10,4% no padrão IFRS. Na América Latina, o faturamento cresceu 3% (estável sem variação cambial) e ficou em 305 milhões de euros.

"O primeiro trimestre foi fraco para Nokia", admitiu o presidente e CEO da companhia, Rajeev Suri, mencionando um aumento nos riscos aos quais a fornecedora está exposta. Para a empresa, o cenário "amplia significativamente a pressão para execução no segundo semestre", ainda que haja confiança "que as questões que levaram à fraqueza dos resultados diminuirão ao longo do ano".

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Entre os desafios está o aumento da "agressividade" por parte das operadoras no 5G. "A intensidade competitiva aumentou ligeiramente em certas contas, já que alguns concorrentes procuram ser mais agressivos comercialmente nos primeiros estágios do 5G. Já alguns clientes reavaliam fornecedores por conta de preocupações de segurança, criando uma pressão de curto prazo, mas oportunidades para o longo", afirmou Suri.

Receita da Nokia no 1T por região, em milhões de euros

Ao fim do primeiro trimestre, a Nokia somava 36 contratos comerciais 5G em todo o mundo. Entre eles, acordos fim a fim com operadoras dos EUA e da Arábia Saudita e atuação ao lado de empresas do Egito, Áustria, África do Sul e Suíça, além do Uruguai, onde forneceu tecnologia para a rede recém-inaugurada pela Antel. Na Coreia do Sul, a fornecedora vai testar aplicações como network slicing ao lado da KT. Já na parte do acesso 5G fixo, a companhia destacou atividades com players dos EUA, Austrália, Nova Zelândia e Japão, além da própria Finlândia.

"Continuaremos a ter uma visão equilibrada e estamos preparados para investir com prudência nos casos em que existe o perfil de rentabilidade de longo prazo", prossegui Suri. Dessa forma, o faturamento total com operadoras ficou em 4,207 bilhões de euros (alta de 3%, mas queda de 1% se considerado o câmbio). Já a divisão de redes teve aumento de 4% no faturamento (para 3,944 bi de euros), ou variação zero a câmbio constante. Sozinha, a maior área da fornecedora teve prejuízo operacional de 254 milhões de euros, frente perda trimestral de 7 milhões na Nokia Software e ganho operacional de 302 milhões de euros na Nokia Technologies.

Licenciamento

Um destaque positivo no balanço foi o negócio de licenciamentos: até março, acordos do gênero geraram 370 milhões de euros, ou alta de 5% com o câmbio já descontado. Um novo programa global para a área foi acordado no fim do primeiro trimestre e deve ter o contrato assinado nas próximas semanas, com previsão de impacto positivo de 1,4 bilhão sobre a receita anual.

Durante o primeiro trimestre de 2019, a Nokia assinou acordos de licenciamento de patentes com fornecedores chineses de smartphones, incluindo TCL, Tinno e Wiko. Já na área automotiva, Audi e Porsche juntaram-se a BMW, Mini e Rolls Royce na lista de marcas licenciadas para usar as patentes da empresa em carros conectados.

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