Fornecedores lutam para não sobrar nos processos de fusão

A fusão entre Brasil Telecom e Oi encontra visões diferentes entre os fornecedores. Para o diretor de redes sem fio da Nortel, Marcelo Ceribelli, o impacto da criação da BrOi é pequeno para a empresa. Ela fornece para as duas teles, embora não sejam contratos relevantes. "Quando começarem a pensar em como integrar as redes, será nossa oportunidade, pois sem a fusão, essas empresas não pensariam em como integrar infra-estrutura".
O presidente da ZTE, Eliandro Ávila, acredita que o caso BrOi, conjugado com a mudança do arcabouço regulatório, abre espaço para outras fusões, o que considera saudável, inclusive para o consumidor, desde que seja preservada a concorrência. Para o fornecedor, não há certeza se continuará ou não no jogo. A ZTE também está numa encruzilhada. Em sua carteira de clientes estão Telemig e Vivo, que acabam de se fundir. Ávila diz que as próximas compras da Vivo deverão conter pedido da Telemig. "Tenho certeza de que seremos competitivos em tecnologia, mas é complicado ter certeza de que continuaremos como fornecedor", diz ele.

Competição também mata

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Se a empresa tiver o mínimo de clientes em carteira, é melhor, para não ficar nas mãos de um só, afirma o presidente da Nokia Siemens, Aluízio Byrro, ao completar: "Competição demais também mata." Para o executivo, um dos grandes problemas do Brasil é o "up and down" dos investimentos. Com a grande volatilidade, fica difícil para a empresa manter uma estrutura definida de produção e arcar com os respectivos custos nos diversos momentos de declínio.
Para Byrro, é exagero dizer que a BrOi acaba com a competição, uma vez que nenhuma operadora fixa expandiu negócios para as regiões dominadas pelos rivais. "Prefiro ter três clientes fortes do que dois com pequena participação e dois fortes", explicou o executivo. A BrT é muito pequena na área móvel e teria que fazer um grande esforço para atingir o porte da TIM ou da Oi, disse ele. Então, a fusão fortalece a Oi e dá mais musculatura à BrT. Byrro destacou, entretanto, que tem que haver transparência e fazer a revisão do Plano Geral de Outorgas (PGO) e do Plano Geral de Autorizações (PGA).

Espaço para crescer

O diretor de tecnologia da Huawei, Marcelo Motta, opinou que com o crescimento da economia, há demanda reprimida e espaço para o fabricante crescer. Então, com a mudança da regulamentação, as demais operadoras também poderão acomodar seus interesses. Motta considera importante que a competitividade seja mantida para sustentar, inclusive, outra onda de fusões: "As teles terão custos operacionais reduzidos e os investimentos nas redes serão otimizados. O cenário com baixa penetração da banda larga e da TV paga favorece o crescimento".

Tamanho é documento?

Para a Motorola, o impacto das consolidações é positivo. "Operamos com clientes grandes no mundo todo, que têm operações globais e regionais", diz o diretor de estratégia corporativa da empresa, Michel Hannas. Há quem não pense assim. Os fornecedores menores, que preferem não ter seus nomes revelados, temem pela continuidade dos contratos na pós-consolidação da Brasil Telecom e Oi. Um deles pondera que dependerá de qual fornecedor vai liderar o processo de planejamento de rede da nova operadora, de quem será a solução escolhida e quem assumirá a presidência da empresa. Geralmente quem compra é que acaba liderando – no caso, a Oi.

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