A troca de participações proposta pelo Opportunity à Previ precisará ser muito bem analisada, pois os pesos de cada empresa na Telemar, Brasil Telecom, Telemig e Amazônia Celular são muito diferentes.
Exceto no caso da Telemar, o Opportunity tem o controle em todas as operações que seriam envolvidas na troca, e são pequenas as chances de, na Justiça, a Previ reverter esta situação a curto prazo. O grupo de Daniel Dantas propõe à Previ ceder sua participação na Telemar em troca das outras participações, em condições a serem avaliadas. O Opportunity, contudo, participa da Telemar por meio de uma empresa chamada Lexpart, que tem 13,37% das ações ordinárias da holding Telemar Participações S.A. Na Lexpart, por sua vez, o Opportunity tem 19% das ações e o restante ainda pertence, oficialmente, à Inepar S.A., até que as debêntures conversíveis possam ser convertidas em favor do grupo de Daniel Dantas, o que se espera para julho. Nos 19% que tem da Lexpart, o Opportunity participa via vários fundos, incluindo o CVC/Opportunity Equity Partners LP (CVC Cayman), CVC Opportunity Equity Partners FIA (CVC Nacional, onde a Previ tem das cotas 26,92% e os demais fundos têm quase todo o restante) e Opportunity Fund de Cayman, cuja lista de cotistas é sigilosa.
Já a Previ participa da Telemar via Fiago, que tem 19,9% das ON da holding controladora. Dentro da Fiago, a Previ é cotista em 52%. A fundação também participa da Telemar por meio das empresas Brasilcap, Brasil Veículos e da própria Inepar S.A. Se aceitasse a oferta do Opportunity e somasse todas as suas participações diretas e indiretas, a Previ teria, sozinha, quase 25% das ações ordinárias da Telemar Participações, o que é o mesmo que tem hoje o BNDES.
No caso da Telemig Celular e Amazônia Celular, a Previ tem, direta e indiretamente, mais de 30% da Newtel, que controla as duas operadoras por meio da Telpart. E tem ainda, diretamente na Telemig Celular Participações S.A e Tele Norte Celular Participações S.A., cerca de 5% de ações ordinárias.
A vantagem para a Previ de um acordo seria poder pleitear algum poder de voz na Telemar, hoje impedido pela Anatel por conta da presença na Brasil Telecom. Para o Opportunity, seria a chance de se livrar do último sócio forte, depois de ter conseguido acertar seus ponteiros com TIW e Telecom Italia, que desistiram das respectivas brigas e entregaram suas participações por valores bastante inferiores aos investimentos inciais.