Ligga quer B2B além do Paraná e prepara ativação de serviço móvel, diz CEO

Rosangela Miqueletti, CEO da Ligga (crédito: Divulgação)

O futuro da Ligga Telecom passa por tornar o braço de serviços corporativos (B2B) a principal vertical de receitas e o planejamento inclui expandir as operações para além do estado do Paraná, afirmou a CEO da empresa, Rosangela Miqueletti, em entrevista exclusiva ao TELETIME nesta terça-feira, 25, em Curitiba.

A operadora também está finalizando os preparativos para o lançamento do serviço móvel, o que pode ocorrer no segundo semestre deste ano (veja mais detalhes no final deste texto). O foco principal no momento, contudo, é o B2B.

"O serviço residencial passou um pouquinho em receita, mas a nossa meta é voltar [o crescimento] para corporativo. E não só no Paraná", destacou Miqueletti, em sua primeira entrevista como CEO da Ligga. A executiva oriunda da Sercomtel, empresa do mesmo grupo, assumiu o cargo executivo mais alto da operadora paranaense em novembro passado. Com isso, tornou-se também uma das raras mulheres em posição de liderança no setor de telecomunicações.

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Atualmente, muito em função da herança da antiga estatal Copel Telecom e da aquisição da Horizons, a unidade corporativa é responsável por aproximadamente 45% das receitas da Ligga. A empresa, no entanto, quer ampliar a participação do seu negócio no atendimento a empresas, setor público e atacado.

Para este ano, um dos focos é incrementar o portfólio de serviços B2B – como backup na nuvem, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA) e data center. Desse modo, a expansão geográfica do braço corporativo não necessariamente envolverá ampliação da infraestrutura de telecom, mas ocorrerá por meio da oferta de serviços de tecnologia.

A Ligga, por exemplo, já conta com pontos de presença em Osasco, na Grande São Paulo, e em São José dos Campos, no interior paulista, o que deve apoiar a execução da estratégia.

Banda larga virou commodity

Inclusive, segundo a CEO, o direcionamento de foco para o B2B ocorre em função de a banda larga residencial ter se tornado "commodity", ao passo que os contratos corporativos são mais longevos e suscetíveis a reajustes inflacionários. Conforme a Ligga, outras vantagens são o churn (evasão de clientes) mais baixo e margens de lucro maiores.

"O desafio é reposicionar a Ligga. Trazer a empresa para um processo mais rápido, um crescimento mais acelerado e estratégico. Fizemos uma análise e trabalhamos em duas verticais. O B2C está bem estruturado e já vem funcionando bem, mas o B2B ainda estava muito incipiente. Então, estamos botando corpo nessa área e vamos avançar nesse segmento", ressaltou Miqueletti, em entrevista durante o Smart City Expo Curitiba, realizado na Ligga Arena.

Rumo ao interior

Apesar dos esforços para crescer no B2B, a Ligga não tem a intenção de estagnar nas operações residenciais. Neste caso, a estratégia é crescer dentro do Paraná, sobretudo no interior do estado. Isso porque a rede de fibra óptica da empresa alcança os 399 municípios paranaenses, mas o serviço B2C é prestado em cerca de 119 – ou seja, menos de 30% das cidades.

"Precisamos nos fortalecer no Paraná. Hoje, somos um provedor regional, mas não estamos ocupando todos os espaços que poderíamos ocupar", salientou Miqueletti. "Podemos aproveitar a infraestrutura que já temos preparada e trabalhar com a última milha para atingir um número desejado de take-up. Depois, avaliamos se vamos ou não avançar [para fora do estado], mas a meta é trabalhar no Paraná", reforçou.

A executiva ainda disse que a Ligga não descarta adquirir provedores para ampliar as operações no território paranaense, mas a empresa não está necessariamente indo ao mercado agora. "Entendemos que o crescimento híbrido é saudável para o setor", pontuou.

Preparação do serviço móvel

Miqueletti adiantou ao TELETIME que a Ligga contempla a possibilidade de lançar o serviço de telefonia móvel 5G em Curitiba ainda este ano. No momento, a rede está sendo testada por funcionários da empresa.

"Estamos fazendo uma PoC [prova de conceito] com os funcionários da Ligga e vamos tentar lançar até o fim do ano", afirmou. O prazo legal para a Ligga entrar em operação nas primeiras cidades é julho de 2026.

Estratégia revista

A executiva também contou que a empresa reformulou a estratégia na telefonia celular. No ano passado, a Ligga anunciou que a operação seria conduzida por duas empresas genericamente chamadas de ISP Telecom – uma para atuar na região Norte e outra para os estados de São Paulo e Paraná.

No caso, a Ligga disponibilizaria o espectro, enquanto as parceiras atuariam como MVNOs. A venda de chips ao consumidor final seria feita por provedores credenciados às duas ISP Telecom.

No entanto, o planejamento foi razoavelmente alterado. Ainda haverá uma ISP Telecom, mas esta ficará responsável pelas operações na região Norte e no estado de São Paulo – onde a Sercomtel adquiriu as frequências de 5G.

Desse modo, o Paraná fica sob a responsabilidade direta da Ligga. Nas cidades em que a empresa ainda não oferta o serviço de banda larga, ainda existe a possibilidade de repassar a operação para um parceiro.

"Vamos fazer um passo de cada vez. Vamos iniciar em Curitiba, mas a base de clientes vai ter acesso. A ideia é crescer essa abrangência para o Paraná todo", disse Miqueletti.

Além disso, a executiva revelou que a Ligga está estruturando uma vertical chamada SMP (Serviço Móvel Pessoal). A unidade ficará a cargo de elaborar os serviços que serão oferecidos usando a rede 5G.

O jornalista viajou a Curitiba a convite da Ligga.

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