A operadora de telecomunicações Brisanet pretende investir cerca de R$ 700 milhões em 2025, com foco na expansão da rede móvel em construção no Nordeste. Ao longo deste ano, a empresa deve levar o serviço a três novas capitais da região, além de cidades do interior.
As informações foram fornecidas pelo comando da provedora durante conferência nesta terça-feira, 25, que abordou resultados da Brisanet em 2024. No ano passado a empresa investiu cerca de R$ 995 milhões, acima da marca de R$ 800 milhões que era pretendida para o intervalo.
Segundo o CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, tais aportes permitiram a construção do "pulmão" da rede móvel da empresa, com cobertura alcançando quase 11 milhões de pessoas. Parte dos investimentos de 2024 também passaram a compor um "estoque" de equipamentos, o que ajudará na queda dos aportes exigidos em 2025.
A empresa também pretende manter um "endividamento saudável" enquanto executa a estratégia, apontou Nogueira. A Brisanet encerrou 2024 com um múltiplo de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) de 2,25x, acima da marca de 1,29x registrada no final de 2023 e próxima ao "cenário limite" que a companhia atualmente trabalha.
Por outro lado, houve em 2024 um alongamento da dívida (80% dos compromissos são de longo prazo) e um mix de captações com maior relevância de bancos de fomento como o BNDES. A empresa contratou R$ 560 milhões em linhas de crédito subsidiadas, sendo que parte dos valores ainda está pendente de desembolso.
Vale notar que em 2024 a margem Ebitda da Brisanet foi impactada pelos investimentos na telefonia móvel, encerrando o ano em 43%, ante 46% no último tri de 2023. Para este ano de 2025, a empresa não projeta grandes oscilações no indicador.
Telefonia móvel
A Brisanet encerrou 2024 com 337 mil clientes na telefonia móvel, sendo que em fevereiro deste ano, a base já alcançava 417 mil assinantes. Nogueira destacou um ritmo de cerca de 40 mil adições ao mês e desejo da empresa de apostar mais em planos maiores, de R$ 39 ou R$ 49. Hoje, o carro-chefe da empresa é a oferta pós-paga de R$ 29.
A prestadora também relata que em cidades menores onde iniciou primeiro a operação do móvel, o market share da companhia já chega a 13%. Em paralelo, cerca de 80% dos clientes móveis da operadora não são assinantes da empresa na banda larga fixa, abrindo oportunidades de convergência.
Contudo, há ainda a barreira do reconhecimento da rede nos smartphones de clientes. Nogueira relata que um trabalho intenso ao lado dos fabricantes foi realizado em 2024, quando apenas a Samsung atualizou cerca de 100 modelos. Como um todo, a Brisanet estima que de 60% a 65% dos aparelhos já estejam prontos para reconhecer o 4G/5G da operadora, ante cerca de 10% no início do ano passado.
Essa dinâmica explica um avanço lento no canal de vendas digital na telefonia móvel; esta seria uma forma de evitar "frustrações" caso o aparelho não reconheça a rede. Para acelerar as vendas online, a Brisanet está esperando o número de dispositivos compatíveis chegar em 75-80%, diminuindo assim o risco de chips não funcionarem.
Banda larga
Na banda larga fixa, a operadora destacou o ritmo de 158 mil adições orgânicas ao longo de 2025, mesmo com pouco investimento na expansão da infraestrutura de fibra (o aporte no segmento foi voltado basicamente à ativação de clientes).
Segundo Nogueira, a robustez da rede FTTH da companhia alcançada nos últimos anos permitirá que a empresa cresça na banda larga também em 2025, sem ter que fazer grandes aportes na vertical. A rede de fibra da Brisanet alcança mais de 7 milhões de domicílios (ou HPs).
Em paralelo, a operadora tem avançado na oferta de banda larga fixa sem fio a partir de redes 5G (FWA), com 23 mil assinantes da tecnologia em fevereiro, sobretudo em cidades sem fibra da operadora. "Somos a maior empresa da América Latina em banda larga fixa 5G FWA", declarou Roberto Nogueira.
Desconexão do mercado
Durante a conferência com investidores desta terça-feira, o CEO da Brisanet voltou a alegar que a estratégia da empresa não é devidamente reconhecida pelo mercado e investidores.
"Nunca fomos muito bem entendidos e a resposta veio em cima das ações, que caíram de forma muito expressiva em relação ao setor", afirmou Nogueira. Hoje as ações da Brisanet são negociadas próximas aos R$ 3, ou bem abaixo dos R$ 13 da época da estreia na bolsa, em 2021.
"Nosso ativo em relação ao valor das ações está desconexo, e nesse ponto eu gostaria que mercado enxergasse que estamos fazendo um novo negócio. No mundo não existe nada similar à Brisanet", declarou o CEO – citando o foco da empresa em crescimento orgânico na banda larga e aposta no 5G por parte de uma empresa regional.