Integrar sistemas legados de TI é o grande desafio do setor de telecom

Um desafio grande para as empresas de telecomunicações tem sido acompanhar a movimentação do setor para novas tecnologias baseadas em IP, mas internamente há também uma grande necessidade de se adequar a essa nova realidade. As operadoras têm buscado integrar as plataformas legadas para sistemas mais atuais, que permitam maior flexibilidade com novos modelos de negócios, conforme ficou evidente durante o primeiro dia do TM Forum em São Paulo nesta terça, 25.

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Um exemplo exibido no evento foi o da Telefónica, que tem procurado realizar uma complexa migração de plataformas em suas operações pelo mundo visando se transformar em uma companhia digital. De acordo com o diretor de TI da Telefónica Argentina, Horácio Goldenberg, o grupo espanhol está realizando essa transição nas empresas Tier 3, as operações menores com cerca de três milhões de clientes, como as do Uruguai, Equador e de países da América Central; e nas de Tier 2, como da Argentina, Peru, Equador, México, Colômbia, Reino Unido e Alemanha. A diferença é que nessas operações menores é possível utilizar a solução full stack com aplicações em cloud de fornecedores como a Amdocs. "No caso do Brasil e Espanha, que são Tier 1, é uma operação mais heterodoxa, não necessariamente full stack devido à complexidade das operações", afirma.

Goldenberg diz que no caso argentino, faltam poucos meses para terminar a integração com a suíte, migrando a estrutura legada para a nova. A estratégia Tier 2, diz ele, migrará dez milhões de clientes em 15 meses ao todo (de quatro a seis meses para a etapa móvel, e até o começo de 2015 para o negócio fixo), com investimento de US$ 100 milhões. "Não é um investimento maior do que teríamos feito, pois a infraestrutura legada vai ser reutilizada na transformação. São US$ 100 milhões que teríamos de gastar de toda a forma." O executivo diz que o sistema legado da Telefónica Argentina era complexo, com oito faturadores, três ou quatro CRMs e múltiplos sistemas de provisionamento. Entre os fornecedores atuais, a companhia tem a Datawarehouse, Teradata, Amdocs e Microstrategy.

Com essa integração, a ideia é transformar a empresa em uma companhia online fim-a-fim, com ativações mais ágeis e com melhor experiência para o cliente. "Vamos habilitar todos os canais, seja rede social, canais online, via SMS, USSD ou telefone, atenderemos com uma experiência consistente, com um registro de interações que traga visibilidade ao call center", detalha Goldenberg. "Temos oportunidade para organizar os processos de negócios porque queremos obter sinergias nos sistemas de TI", conclui.

Parafernália monolítica

Antes do processo de fusão com a Portugal Telecom (PT), a Oi está aproveitando a experiência portuguesa com a Ericsson para também migrar os sistemas na operação brasileira. "A lição aprendida é que é fundamental ter a visão e desenhar uma estrutura de capital", diz o diretor de informática da Portugal Telecom, Pedro Sardo. A PT utilizou plataforma da Ericsson para provisionar acesso GPON para ser utilizado em diversos pacotes para lançamento mais rápido ao mercado.

A operação levou seis anos. "Com essa experiência, estamos ajudando a Oi a usar o mesmo método, a mesma arquitetura, para fazer o programa de transformação", diz Sardo. Mas não que seja algo simples. "Não estamos no mesmo nível de maturidade da PT, é uma parafernália de tecnologias e de sistemas. Temos um sistema monolítico", declara o diretor de arquitetura da Oi, Rui Pedro Saraiva. Na visão dele, a nova plataforma precisa ser sustentável em padrões, permitir automatização de tarefas e reutilizar componentes. "Nosso objetivo é ter uma arquitetura convergente, ágil, que nos permita lançar novas oportunidades de negócios", declara Saraiva.

Novas oportunidades

Mesmo desafio de integrar novas plataformas tem a Sky no Brasil. De acordo com o gerente financeiro da empresa, Márcio Barone, houve a necessidade de investimento em tecnologia para conseguir um time-to-market melhor e poder explorar novos modelos de negócio, como o serviço de banda larga via TD-LTE. "O desafio foi convencer todas as áreas de que a operação era realmente necessária", diz. O projeto começou há três anos, e incluiu a transição de dados 100% fiel para novas plataformas. A empresa estabeleceu parceria com a fornecedora WeDo, que realizou a auditoria da migração.

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