Teles querem expandir negócios para além da conectividade no 5G

(Matéria publicada originalmente no Mobile Time) Ao longo dos próximos seis anos, o tráfego de dados móveis vai crescer 400% no mundo, enquanto a receita das operadoras aumentará apenas 1%. Ao mesmo tempo, é esperado que 95% do faturamento mundial do promissor mercado de Internet das Coisas (IoT) será destinado a aplicações, plataformas e serviços, enquanto apenas 5% ficará com conectividade. Os números foram apresentados como um alerta para as operadoras móveis por Chua Sock Koong, CEO da Singtel, uma tele de Cingapura, durante o painel de abertura do MWC 2019 nesta segunda-feira, 25, em Barcelona.

Na prática, é a reedição de um antigo debate do setor, que é retomado a cada nova geração de telefonia móvel: qual deve ser o papel de uma operadora? Concentrar-se em ser um mero cano de comunicação ou prover serviços de valor adicionado, que lhe garantem maior margem e um diferencial de mercado, mas demandam conhecimento e experiência em áreas onde as teles não estão acostumadas?

O advento do 5G é uma oportunidade para as operadoras rediscutirem essa questão e tentarem, mais uma vez, expandir suas fronteiras de atuação. Pelo menos é o que algumas teles em mercados mais desenvolvidos estão planejando. É uma tentativa de compensar a "comoditização" dos serviços de comunicação (voz e dados).

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No caso da Singtel, 25% da sua receita já provém de fontes alternativas. A operadora de Cingapura está apostando em novas unidades de negócios em áreas como marketing digital; serviços de segurança digital; streaming de vídeo; e análise de dados. "As oportunidades são as mesmas e deveríamos trabalhar em conjunto", conclamou Koong, dirigindo-se às demais operadoras móveis do resto do mundo.

A sul-coreana KT está seguindo a mesma estratégia. Seu CEO, Chang-Gyu Hwang, apresentou no palco diversas aplicações desenvolvidas pela operadora sobre a sua rede 5G, desde um cockpit para gerenciamento de resgates e de outras emergências em grandes cidades, até uma plataforma de "fábrica inteligente como serviço". Como exemplo, citou o estaleiro da Hyundai, que conectou todos os seus processos a uma rede 5G da KT, garantindo maior eficiência e menores custos.

O CEO da francesa Orange, Stéphane Richard, por sua vez, destacou o fato de a operadora ter criado um banco na França. Além disso, na África, onde conta com várias subsidiárias, a Orange tem um serviço de mobile money com mais de 100 milhões de contas ativas.

O 5G permitirá também o surgimento de uma série de novas aplicações em saúde digital, como o acompanhamento remoto de cirurgias em tempo real, com especialistas em qualquer parte do mundo passando instruções para os profissionais que estão na sala de cirurgia. Testes estão sendo feitos em Barcelona, revelou o diretor geral da GSMA, Mats Granryd.

Confiança do usuário

O CEO da Vodafone, Nick Read, enxerga nessa estratégia uma oportunidade de as operadoras aprenderem as lições de outras indústrias e reconquistarem a confiança do consumidor. Richard, da Orange, concorda: "Infelizmente somos percebidos como uma indústria gananciosa que trabalha somente para obter lucros, e não pela sociedade."

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