Eletronet é cercada de polêmicas desde sua criação, em 1999

A polêmica que se instaurou em torno da Eletronet e do possível benefício que seus acionistas poderiam ter com a revitalização da Telebrás é apenas mais um capítulo em uma história cheia de polêmicas que cerca a empresa.
A primeira delas veio, na verdade, antes do surgimento da própria Eletronet. Em fevereiro de 1999, após a privatização das empresas distribuidoras de energia, começaram a correr no mercado informações de que a estatal Lightpar seria a gestora dos direitos de passagem e redes de fibra das estatais de transmissão. Isso detonou um forte movimento especulativo com as ações da Lightpar, que se valorizou mais de 2.500% em poucos meses. Na ocasião, TELETIME publicou informações de mercado de que o grupo Opportunity poderia estar se beneficiando da valorização da Lightpar, já que uma das principais estrategistas da privatização do setor elétrico, e uma das poucas pessoas que poderia saber sobre os planos futuros da Lightpar, era Elena Landau, ex-diretora do BNDES e consultora do grupo Opportunity. Na ocasião, o Opportunity negou ter papéis da Lightpar. Ainda assim, Daniel Dantas e Elena Landau moveram ação de indenização contra TELETIME, pedindo R$ 3 milhões, ação em que foram derrotados em todas as instâncias, incluindo o Supremo.
Coincidência ou não, o grupo Opportunity de fato mostrou interesse nos direitos de passagem e fibras detidos pela Lightpar meses depois, em agosto de 1999, quando participou do leilão de venda do controle da Eletronet. O grupo Opportunity foi derrotado no leilão, vencido pela empresa norte-americana AES, que assumiu com 51% o controle da Eletronet ao lado da Lightpar. Pagou por isso R$ 290 milhões. Meses depois, contudo, Opportunity e AES se tornaram sócios na Cemig.

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Dívidas
Já em 2001, após o estouro da bolha da Internet, a Eletronet acumulava dívidas elevadas e a AES, em complicada situação financeira nos EUA, deixou de fazer os aportes necessários à empresa. Com isso, a Lightpar assumiu o controle da companhia. Mais tarde, a AES transferiu suas ações para a LT Bandeirantes, que depois transferiu os direitos para sócios no exterior. A essa altura, contudo, a situação já era insustentável e a empresa seguia as diretrizes da Lightpar, sua controladora. Em 2003, foi decretada a autofalência da companhia. Iniciou-se então um processo complicado em que os credores (principalmente Furukawa, Alcatel-Lucent e as próprias empresas de energia) passaram a disputar na Justiça o direito de receber seus créditos da antiga Eletronet. A maior credora da Eletronet é a Furukawa, com um passivo estimado, na época do fim do consórcio com a AES em cerca de R$ 220 milhões. Depois vem a Alcatel-Lucent com cerca de R$ 160 milhões e, por fim, o próprio governo, por meio dos direitos de passagem que algumas estatais de energia (sobretudo Eletronorte e Chesf) têm. Essa dívida é de cerca de R$ 60 milhões.
Ainda em 2003 surgiram as primeiras discussões sobre a possibilidade de o governo utilizar as fibras da Eletronet. Em setembro de 2003, o então ministro das comunicações, Miro Teixeira, em seminário promovido pela TELETIME, chegou a desmentir essa possibilidade. No começo de 2004, o ministro Eunício de Oliveira, também negou a intenção de reativar a Telebrás e de utilizar a rede da Eletronet.
A discussão, contudo, foi retomada em meados de 2007, quando o governo passou a debater a ideia de criar uma infovia federal para projetos de inclusão digital. Mais uma vez, o uso da rede da Eletronet passou a ser uma das principais possibilidades em estudo. Nessa época, Oi e Brasil Telecom começaram a analisar mais firmemente a possibilidade de comprar a rede, mas conforme publicou TELETIME em março de 2009, logo os problemas de endividamento da Eletronet foram evidenciados e a Oi desistiu de levar o negócio adiante. No segundo semestre de 2009, o governo começou a analisar com mais empenho a possibilidade de usar as redes das elétricas para o serviço de banda larga.

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