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Com maturidade da fibra, começa a disputa por modelos de rede neutra

Ainda um negócio relativamente novo no mundo, os diferentes modelos de redes abertas ainda não permitem dizer se alguma das estratégias das empresas brasileiras será a “vencedora”, ou mesmo se existe um modelo universal para o setor. O tema foi discutido em debate na manhã desta terça-feira, 24, no evento online TELETIME Tec.

Um denominador comum é a fibra, que a TIM acredita estar finalmente se consolidando como uma tecnologia madura no Brasil. Na visão do CTIO, Leonardo Capdeville, a fibra alcançou o ponto de breakeven em 2019, seguindo agora para uma trajetória de aceleração e lucratividade. Agora, com a oportunidade de ter o fator de escala que permite o desenvolvimento com maior agilidade e “retorno bem mais interessante, a tecnologia trouxe um ponto de inflexão para a TIM” para “alavancar a cobertura fixa, e também no mercado com fundos interessados em investir nesse componente”, segundo Capdeville.

A estratégia da TIM para rede neutra (cuja separação industrial está atualmente recebendo propostas não vinculantes) é ter um corte da rede compartilhada indo da OLT até a última milha “de fato” – isto é, a casa do cliente – com a possibilidade de configurar serviços além da banda larga (como voz e IPTV, por exemplo). “Essa InfraCo [da TIM], a ideia é ir da OLT até a instalação na casa do cliente”, afirma. A justificativa de ir até a última milha é que a manutenção é a “parte mais pesada e onerosa” da operação, e por isso há ganhos de escala e capilaridade que podem ser benéficos para quem contrata. 

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Por outro lado, argumenta Capdeville, há desafio também na rede primária, uma vez que é necessário trazer o tráfego da OLT até a conectividade dos provedores de conteúdo, que muitas vezes estão concentrados no Sudeste do País. “Você vai ter que abrir mão de PPT [ponto de troca de tráfego], estratégia de cashing e de conexão de peerings locais, e isso vai demandar muita análise para chegar no melhor balanço do que é investimento que pode ser compartilhado e o que vai garantir a prestação de serviço diferenciada”, afirma o CTIO da TIM. 

O diretor de tecnologia para service providers da f5, Ivan Ramos, chama a atenção para um aspecto importante das redes neutras, que é a necessidade de adequação tecnológica a um novo cenário de exploração. “A segurança das redes é uma questão cada vez mais crítica para todos os operadores, e para um operador de rede neutra o problema se aplica a cada cliente que vai utilizar aquela rede. É preciso pensar a rede para poder dar essa camada de segurança a cada operador”, disse.

Modelagens

A estratégia da American Tower é de ir justamente até o ponto de conexão, compartilhando a “camada 2” de transporte, entre a OLT e a última milha – ou seja, sem fazer o “drop”, chegando até o andar do prédio ou até o poste para casas. Segundo o diretor de desenvolvimento de negócios da companhia, Abel Camargo, não há um modelo que deverá sair “ganhador” na competição da rede neutra. O momento do mercado é interessante porque investidores passaram a encarar a infraestrutura como uma oportunidade. Mas Camargo diz que, para isso, é necessário garantir que são redes neutras de fato, “como no modelo das torres”. 

No entendimento do diretor de estratégia e transformação da Oi, Rogério Takayanagi, o trabalho que está sendo feito atualmente na separação industrial da InfraCo é a de assegurar que a empresa seja independente e “efetivamente neutra, sendo neutra e parecendo neutra”. Para tanto, a governança separada, por meio de conselho de administração independente, será conseguida por meio da venda do controle (51% do capital). 

“O segundo passo importante é o tratamento não discriminatório. A ideia é que a gente consiga, como InfraCo, atender uma Vivo ou TIM que decida ser uma ‘anchor tenant’ [algo como “loja âncora”] em uma região da mesma forma como atende a própria Oi. Podemos garantir a primeira parte de geração de valor de rede neutra.”

“O problema é que, para chegar no modelo de empresa neutra, precisa de tempo, como no caso de uma empresa verticalmente integrada e que vai separar negócios. Porque tem complexidade regulatória, sistemas para implementar não discriminação”, declara a analista da consultoria Cullen International, Elena Scaramuzzi, citando casos de estudo europeus e na Oceania. Ela afirma que é um processo gradual, e cita que são necessários “mecanismos regulatórios para monitorar e controlar o que está efetivamente acontecendo”, embora reconheça que não exista na Europa o modelo de separação estrutural. 

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