Apesar dos benefícios, especialistas apontam que é preciso amadurecer o OpenRAN

Foto: Pixabay

O uso de tecnologia OpenRAN como uma das possíveis formas de implementar o 5G no Brasil se mostra como uma das saídas para garantir mais diversidade de fornecedores e custos mais baratos para as redes de quinta geração. Mas especialistas apontam que é preciso mais amadurecimento da tecnologia para o seu uso.

Luiz Bourdot, Diretor de Evolução Tecnológica de Rede da Claro, diz que o OpenRAN é um ambiente complexo, e por isso, é preciso esperar mais maturação para a sua efetiva implementação. "Precisamos ter cuidado e não exagerar nas expectativas. A posição da Claro hoje está muito mais de entender e fazer testes, para ver na prática as limitações e ver o que acontece. Quem sabe em um futuro próximo, essas soluções poderão ser aplicadas", disse o executivo da Claro no TELETIME Tec Redes Abertas, evento que aconteceu nesta terça-feira, 24, organizado pelo TELETIME. Posição semelhante foi apontada pela TIM mais cedo.

Ao mesmo tempo, Bourdot reconhece que a tecnologia do OpenRAN pode ser usada para determinados casos, não sendo a saída para tudo.

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Francisco Giacomini Soares, da Qualcomm, apesar de entender que o OpenRAN pode significar um marco e que já existe espaço para a sua implementação, aponta que é preciso resolver alguns aspectos, como os de padronização. "Acho que temos o desafio da padronização. Estamos vendo muito mais testes pilotos acontecendo, mas nada ainda consistente em redes comerciais"

A Qualcomm, diz Soares, defende o OpenRAN porque ele representará um custo menor para as redes de quinta geração e possibilita mais fornecedores no mercado. "Acho que a necessidade de desagregação de rede é fruto de uma mudança no ecossistema do setor tecnológico. Hoje estamos limitando a dois, três fornecedores de infraestrutura. E nós acreditamos que essas mudanças tecnológicas permitirão o surgimento de novos fornecedores", disse o executivo.

Regulação

Vinicius Caram, representante da Anatel no evento, também compreende que o OpenRAN permite a ampliação do mercado. "Isso abre a competição entre os fornecedores", apontou. Caram ressaltou que a agência preza pela neutralidade tecnológica, atuando para garantir a certificação dos equipamentos que serão usados no OpenRAN, mas indica que não haverá nenhum tipo de imposição da agência para a adoção de determinada abordagem tecnológica ou tecnologia específica.

A posição de neutralidade tecnológica da agência também foi defendida por Alex Jucius, da Associação NEO. Ele acredita que o edital do leilão de 5G não deve apontar para qual tecnologia as empresas devem adotar. "Essa decisão pode complicar para o prestador de pequeno porte. Quem decide o que usar é o operador. O governo e a Anatel devem ter neutralidade tecnológica", disse. Apesar do posicionamento, Jucius também reconhece que OpenRAN poderá ser usado em determinados casos e que é positivo para o mercado que haja maior diversificação de operadores e redução de custos dos equipamentos. Ele lembrou, contudo, que ainda existe uma complexidade de integração dos equipamentos e que nem todos os operadores têm condições de ter equipes especializadas em pesquisar e desenvolver essas soluções tecnológicas.

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