GSMA se alinha à proposta das Américas para a WRC-19

Foto: Pixabay

O embate entre as Américas e Europa na próxima Conferência Mundial de Radiocomunicações (WRC-19) deverá ir além de apenas a destinação de espectro em ondas milimétricas, chegando a detalhes sobre a potência e banda de guarda – especialmente na faixa de 26 GHz. A proposta que a associação global de operadoras móveis GSMA apoia para o evento da União Internacional de Telecomunicações (UIT) no Egito é, contudo, a da Comissão Interamericana de Telecomunicações (Citel), liderada pelos Estados Unidos e apoiada pelo Brasil. O argumento é que a Europa estaria sendo mais conservadora em relação à banda de guarda para que não haja interferência sobre serviços de satélite em frequências próximas e aplicações científicas, mas que reduziria a capacidade para as aplicações de rede móvel. 

"Somos pró-5G", declara o diretor de espectro da GSMA, Brett Tarnutzer. "Estamos mais alinhados com a proposta da Citel, e ela tem apoio forte da África e Oriente Médio, com grande oposição dos estados da Rússia (Comunidade dos Estados Independentes – CEI) e Europa. A Ásia está dividida, mas a maior parte está apoiando", explica o diretor de espectro.

Na opinião do representante da entidade, os estudos citados no argumento europeu levaram em consideração equipamentos antigos ou não utilizados, o que teria deixado a proposta mais pessimista. "Alguns dos estudos envolveram sensores que nunca foram colocados em uso. Eram sensores ultrassensíveis que foram descartados há dez anos, ou sequer foram produzidos", explica. "Você pode 'interpretar com criatividade' e pegar o pior dos piores cenários, e foi isso o que aconteceu em alguns desses estudos", argumenta.

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Tarnutzer explica que essa questão é fundamental para a harmonização global, mas ressalta que a WRC-19 é uma conferência baseada em consenso. Se a proposta europeia prevalecer ou acabar acontecendo algum tipo de impasse, as consequências teriam grande escala. "A gente acha que traria impacto nessas coisas, traria um impacto negativo em escala global."

Para a GSMA, a proposta mais conservadora dos europeus leva a restrições maiores, mas são baseadas em presunções de modelos com casos de uso não necessariamente realistas. "Apoiamos que os serviços têm de ser protegidos. A diferença é que o critério que tem sido usado para esses estudos", complementa Luccas Gallitto, diretor de políticas públicas da associação para a América Latina.

28 GHz

Se por um lado a necessidade de harmonização global é chave para a GSMA apoiar a proposta da Citel, por outro há um entendimento de que se pode ter um pouco de flexibilidade em relação às frequências milimétricas usadas no 5G. Brett Tarnutzer diz que há uma sobreposição de uso na região de 26 GHz. "Todo o espectro de 24 a 28 GHz é um 'fair play' para a harmonização", declara. Assim, as aplicações em 28 GHz já promovidas pelas redes comerciais nos Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão, por exemplo, não seriam um problema no ponto de vista da associação. "Os fabricantes podem fazer equipamentos que usam ambas as faixas, é uma família de bandas que trabalha junto".

*O jornalista viajou a Los Angeles a convite da GSMA.

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