Passada a primeira fase da crise sem precedentes enfrentada pelos pequenos provedores de Internet do Rio Grande do Sul em decorrência das enchentes de maio e junho, a preocupação agora é o endividamento das empresas. Segundo Fábio Badra, presidente da associação InternetSul, que congrega a maior parte das empresas de pequeno porte afetadas, as operadoras conseguiram, de maneira geral, voltar a operar, mas fizeram isso a um custo elevado e sem perspectiva de como retornar os investimentos adicionais feitos na reconstrução das redes.
"As operações voltaram onde a vida voltou ao normal. Há bairros e empresas que deixaram de existir, e pessoas que não voltaram a suas casas, e isso se perdeu. Mas no geral as redes dos pequenos provedores estão operacionais já", disse ele a este noticiário, durante o evento de lançamento do Programa de Acesso a Crédito do Ministério das Comunições, realizado nesta terça, 24, em Brasília.
Badra explica, contudo, que as empresas, em geral, fizeram as compras dos equipamentos e os investimentos em reconstrução sem saberem direito como pagariam a conta. "Hoje, percebemos que elas estão mais endividadas do que estavam antes das enchentes, e isso afeta não só as operadoras mas toda a cadeia de fornecedores", diz o presidente da InternetSul.
Ele diz que os recursos esperados para a recuperação do Estado chegam a um ritmo aquém da urgência da situação, mas elogia o Programa Acesso Crédito Telecom, articulado pelo Ministério das Comunicações e pelo BID. "Esse programa foi o principal avanço em termos de financiamento aos provedores. A gente teve alguma coisa de Proname, mas isso não é o mais adequado. Os provedores têm uma situação muito específica em termos de garantia, dívida e fluxo de caixa. É importante que os bancos conheçam essa realidade", diz ele.