Como os avanços da tecnologia permitem monitorar, rastrear e detectar a infração de direitos autorais e outras ações ilícitas ainda na fonte? Quem produz, agrega ou distribui conteúdo audiovisual teve a oportunidade de conhecer essas respostas, tema que integrou a edição 2021, em formato digital, do PayTV Fórum, realizado pelo Teletime e Tela Viva e voltado ao mercado de TV por assinatura e de streaming no Brasil, no início do mês de agosto.
O evento reuniu as principais lideranças setoriais do País e trouxe Danilo Almeida, Diretor de Engenharia de Software e Novos Negócios da NAGRA – fornecedora mundial de plataformas e aplicativos seguros, abertos e integrados em plataformas de transmissão, banda larga e móveis, entre outras soluções de segurança, para a monetização da mídia digital e para a experiência de usuário em várias telas – à frente do painel "O combate à pirataria pela tecnologia".
Segundo Almeida, a pirataria fere o desenvolvimento da cadeia produtiva ao desequilibrar as regras de competição do mercado e, pela dificuldade de estabelecer estratégias para combater algo que não joga com os mesmos parâmetros, coloca-se como uma preocupação central da indústria na atualidade. Estima-se que de 2010 a 2022, a perda de receita da indústria audiovisual alcance os 50 bilhões de dólares, segundo o relatório Global Online TV and Movie Revenue through Piracy from 2010 to 2022, da Statista.
"A pirataria está estruturada em três vertentes: inteligência, arcabouço tecnológico e jurídico. No modelo ilustrativo simplificado, temos duas modalidades de pirataria: IKS, com a distribuição da chave de acesso via internet e SKS com a key sharing via satélite", explica Almeida. A monetização, segundo o engenheiro, se dá pela venda de TV Box, que funciona como um arquivo de licença que permite acesso a servidores piratas ou pela venda de assinatura do IKS, com consumidores pagando mensalmente para recebimento da chave de acesso.
Com o streaming, houve aumento da superfície de demanda de forma considerável, que além de TV Box, alcançou TVs conectadas, celulares e tablets e até consoles de vídeo games que passaram a ser utilizados para consumir conteúdo ilegal. Pela oferta, além do próprio set-top box, foram criados aplicativos piratas, hard drives digitais para download de conteúdo (digital locker), media players – alguns já nativos – para comercialização de play lists, websites e mecanismos mais antigos, como o peer to peer, que permanecem como alternativa para monetização. "A nova modalidade de auferir receita com o conteúdo ilegal é o Adware. Nela, o consumidor paga assistindo propaganda e clicando em propaganda", revela Almeida.
Quanto à forma de organização, o modelo de ação tradicional dos piratas costuma contemplar três fases:
- Sources (fontes): explora as vulnerabilidades do servidor para roubar o conteúdo de vídeo via receptores;
- Backend: confirgura o CRM e mantém a distribuição na nuvem, além de otimizar a CDN e trabalhar os meios de pagamentos;
- Selling Engine: trata da máquina de vendas, para comercializar a caixa, a playlist, o app, o website, chegando ao consumidor de conteúdo pirateado.
Existe ainda uma área de suporte técnico e de especialistas de mídias digitais para investir em tráfego e alcançar o público, mantendo a oferta pirata do serviço muito evidente. "Eles atuam inclusive com ferramentas de SEO. Daí nem sempre a primeira opção dos mecanismos de busca ser legal. E essa máquina de venda passou a ser explorada com revendas, se assemelhando a esquemas de pirâmide", diz Almeida.
O engenheiro da NAGRA reforça ainda que para copiar ou roubar é preciso ter acesso. "Toda origem de conteúdo pirata é uma assinatura de serviço legal. Os piratas estão entre os clientes que mais consomem pacotes, mais compram pay-per-views e pagam em dia", alerta Almeida.
Nenhuma fase de produção ou distribuição de conteúdo está livre da ação dos piratas. Eles podem roubar conteúdo na produção e captação de vídeo, na pós-produção, na comunicação entre a pós-produção e a distribuição, dentro da distribuição multicanal, na captação ou comunicação da distribuição para os usuários finais, junto aos usuários finais. Segundo Almeida, esta última modalidade é a mais usual ultimamente. "Os piratas copiam o que foi digitalmente distribuído para o consumidor final depois de desencriptado, o que abrange o valor agregado de toda a cadeia", afirma o engenheiro.
Quanto às tecnologias de combate, a fase de ataque na cadeia de produção e distribuição irá determinar qual a melhor alternativa para defesa ou combate da ação ilícita, dentre as quais estão o Media & Asset Management, o CAS ou (M)-DRM, a Session Management, Device Authentication & Cybersecurity e a Watermark Tagging.
"A pirataria ultrapassou as barreiras geográficas, colocando em risco não apenas a atividade econômica lícita, como também a produção cultural de diferentes países. Por isso, a necessidade premente de criar obstáculos e dificultar a ação dos piratas com cortes técnicos, bloqueios, interrupção da transmissão do sinal para os dispositivos ilegais de satélite", afirma Almeida. Segundo ele, a tecnologia permite identificar vazamentos e rastreá-los, como meio de assegurar estruturas legais de produção, agregação e distribuição e, ao mesmo tempo, diminuir o interesse dos criminosos por esse mercado e a impunidade de quem pratica o ilícito.
Ao longo dos anos, apesar do dinamismo das inovações tecnológicas, as organizações criminosas ganharam capilaridade e a pirataria se converteu em uma prática lucrativa, que persiste e toma corpo como a maior fragilidade da indústria do entretenimento e do audiovisual. A resposta para essa ameaça, sem fronteiras, de violação de direitos autorais demanda uma estratégia que imponha barreiras contra a distribuição ilegal de conteúdo e, para isso, a tecnologia é a principal aliada da indústria.
Se você quiser conhecer mais sobre as soluções disponíveis da NAGRA para proteger seu conteúdo contra a pirataria, por favor, entre em contato conosco. Ser útil às necessidades de nossos clientes é uma motivação diária, que nos impulsiona à inovação, para oferecer tecnologia de ponta, antipirataria, à indústria do entretenimento.
*Sobre o autor – Danielo Almeida é Engenheiro de Integração e Novos Negócios da NAGRA. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente representam o ponto de vista de TELETIME.