Diretriz da Comissão Europeia impulsiona utilities a adotar faixa de 450 MHz

Foto: Pixabay

Embora as redes inteligentes de comunicações para serviços essenciais como eletricidade e água (smart grids) não sejam exatamente novidades no mundo, na Europa as iniciativas estão ganhando novo fôlego. Isso porque a Comissão Europeia instituiu em fevereiro uma diretriz que facilitou a revisão da política de espectro para ajudar a combater mudanças climáticas. Com isso, há a oportunidade de novos casos de uso para a faixa de 450 MHz em utilities, como está sendo feito na Alemanha, Irlanda, Polônia e Reino Unido. 

Os países estão aproveitando uma "tempestade perfeita", na avaliação do diretor técnico da EUTC, Julian Stafford. "A agenda climática trouxe um item significativo com as comunicações críticas de utilities. Temos que tomar esta oportunidade única, não vamos ter essa chance de novo", disse ele durante evento da UTCAL na semana passada. 

A diretriz da União Europeia é a de facilitar a revisão da política de espectro. A Comissão ficou de debater com os stakeholders envolvidos, identificando aspectos relacionados ao gerenciamento de frequências e quais ações concretas são recomendadas para o bloco. 

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Um exemplo citado pelo diretor da EUTC é o alemão, onde há uma proposta atualmente em consulta pública para a faixa. "A única forma de trazer segurança e confiança era construir do zero uma rede de 450 MHz", conta Stafford. "Na Alemanha, nunca foi utilizada para nada, mas algumas organizações tinham a frequência destinada para banda larga, embora nunca tenham aplicado. É uma situação parecida com a do Brasil", compara.

Casos

Stafford citou algumas das iniciativas na Europa utilizando espectro similar ao disponível no Brasil

  • Irlanda: segundo Stafford, há um processo instalado de dois anos para o uso das faixas de 410-415,5 MHz e 420-425,5 MHz para utilities em Dublin. Há ainda um acordo com o 4GPP para criar duas bandas novas FDD (87 e 88) para aumentar o alcance. Provas de uso com Huawei, Nokia, Virtual Access e Encore Networks já foram feitas. A meta é cobrir 20% da Irlanada até 2023, com custo inicial de 320 mil euros, mais 780 mil euros ao longo de 15 anos, totalizando 1,1 milhão de euros.
  • Alemanha: em agosto, entrou em consulta final a proposta de destinação da faixa de 450 MHz para rede de smart grids LTE. A ideia é conectar 35 milhões de dispositivos, incluindo medidores inteligentes. Segundo o diretor da EUTC, a expectativa é liberar o espectro em janeiro de 2021.
  • Reino Unido: em 2019, a agência reguladora Ofcom iniciou um projeto para analisar os requerimentos necessários. Atualmente na segunda fase, o objetivo é levar conectividade a dez sites remotos, com distâncias variando entre 1 km e 16 km, com throughput entre 300 Kbps e 900 Kbps. A agência está utilizando 3 MHz entre 410-430 MHz em compartilhamento. "Para conectividade de utilites, essa velocidade é incrível", declara.
  • Polônia: Em setembro de 2019, a faixa de 450 MHz foi concedida à maior distribuidora de energia, a PGE. A empresa utiliza o espectro com LTE, e os fornecedores são a Ericsson e a Nokia.

Há ainda um caso na Espanha, mas com outro tipo de espectro, na faixa de 2.370-2.380 MHz, em julho de 2020. O uso primário é para a gestão de redes de serviços públicos de distribuição de eletricidade, gás e água. "Significa que mais sites [do que em 450 MHz] vão ser necessários, não terá cobertura tão grande e nem penetrar tanto em edifícios quanto UHF, mas ainda assim, é um reconhecimento de que precisam de espectro dedicado", analisa Stafford.

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