Órgão que rege internacionalmente a utilização de espectro, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) está preocupada e pedindo precaução de países contra interferências prejudiciais sobre a radionavegação por satélite (ou RNSS) nas faixas de 1,559-1,610 GHz.
O problema tem aumentado globalmente e afetado aeronaves e demais veículos de transportes e passageiros, segundo a entidade. As interferências têm ocorrido especialmente no Oriente Médio, mas também chamam atenção na América do Norte, África e na Ásia (a América do Sul não foi nominalmente citada em comunicado da união).
Entre fevereiro de 2021 e janeiro de 2022, os casos globais de interferência prejudicial que chegaram ao conhecimento da UIT somaram 329. No mesmo intervalo, levantamento de uma grande fabricante de aeronaves identificou mais de 10,8 mil eventos causadores de interferências sobre receptores de sistemas globais de navegação por satélite (GNSS) em todo o mundo.
Tal situação motivou um pleito da UIT aos 193 países membros da união. "Após vários incidentes de interferência prejudicial trazidos à atenção do Conselho de Regulamentações de Rádio da UIT, uma carta circular recente instou os Estados Membros a tomarem medidas para evitar interferências nos sinais e receptores do serviço de radionavegação por satélite (RNSS)", explicou a entidade; tais recomendações podem ser conferidas no final deste texto.
Segundo a UIT, as interferências prejudiciais sobre a radionavegação por satélite têm causas que variam entre acidentais e intencionais, podendo ser oriundas tanto de transmissões desnecessárias de rádio quanto pelo uso de equipamentos bloqueadores de sinal (como o chamado jammer).
Um dos reflexos negativos recai sobre os sistemas GNSS utilizados em aeronaves e demais veículos – incluindo o norte-americano GPS, o europeu Galileo, o russo GLONASS e o chinês BeiDou. As interferências prejudiciais podem acarretar na perda parcial ou total de comunicação ou no recebimento de informações equivocadas.
"Proteger esse ecossistema é essencial para a operação segura e satisfatória do crescente número de dispositivos, aplicativos e veículos autônomos que dependem todos os dias de sistemas de posicionamento e navegação no ar, mar e terra", apontou a UIT. Segundo ela, a "severidade" do tema será endereçada na Conferência Mundial de Radiocomunicação de 2023 (WRC-23), marcada para ocorrer entre novembro e dezembro nos Emirados Árabes Unidos.
Medidas
As medidas de precaução contra interferências na radionavegação po satélite sugeridas pela UIT na carta circular incluem:
- o reforço da resiliência dos sistemas de navegação à interferência, usando tecnologias com receptores multifrequência/multissistema e recursos anti-jamming;
- o aumento da colaboração entre autoridades regulatórias de rádio, militares, aeronáuticas e policiais;
- o reforço de uma coordenação civil-militar para lidar com os riscos de interferência associados aos testes de RNSS e zonas de conflito;
- a manutenção da infraestrutura de navegação convencional essencial para suporte de contingência em caso de interrupções do RNSS;
- e o desenvolvimento de técnicas de mitigação para casos de perda de serviços.