Empresa de tecnologia do grupo DigitalBridge (companhia de investimentos que também controla a Highline), a Scala tem ambições de expandir negócios no pós-pandemia com um foco grande nas necessidades de modernização de rede com a chegada do 5G. Em especial, a aposta é a proliferação do edge computing, como explica o CTO da fornecedora, Agostinho Villela, em conversa com o TELETIME. Para o executivo, o movimento de desagregação das redes está se fortalecendo ao mesmo passo em que a computação (ou processamento) chega mais próximo à borda.
Conforme explica Villela, a Scala é uma empresa relativamente nova, tendo sido criada há cerca de dois anos e meio. Atualmente, possui cinco data centers em operação, sendo três no Campus Tamboré, em Barueri; um em São Paulo; e um em Campinas. Segundo o executivo, o ritmo de crescimento tem mostrado que a estratégia concebida "está muito acertada", diante do cenário.
A Scala se insere no processo de virtualização e "cloudificação" de mais elementos da infraestrutura, incluindo a rede de acesso. "Interessante seria um movimento de parceria entre telcos e hyperscales", destaca, citando as grandes empresas de tecnologia em nuvem como AWS, Google e Microsoft. Na visão de Villela, o próximo passo seria o de utilizar parcerias para edge data centers "regionais", visando as capacidades de menor latência e de maior número de conexões simultâneas do 5G, especialmente no padrão standalone. Isso inclui também a possibilidade de fatiamento de rede (slice), com destinação garantida de tráfego para aplicações sensíveis.
"Essa demanda já está acontecendo hoje", diz ele a este noticiário. Naturalmente, a percepção é de que ainda deverá avançar mais, uma vez que o 5G ainda está incipiente e, mesmo onde está disponível, ainda não conta com reais casos de uso massificados que de fato utilizem a tecnologia – as chamadas "killer applications", como foram o Uber, Waze e Spotify no caso do 4G.
Essa demanda regional para o edge, explica o CTO, é visível, uma vez que há menor concentração dos "mega núcleos", como São Paulo. Assim, a arquitetura vai se transformando para suportar aplicações mais sensíveis à latência, como cloud gaming.
Sem prejuízo ao lado da demanda de consumidor, o mercado corporativo é o de maior potencial, contudo. Villela enxerga oportunidades nas redes privativas 5G, ainda que continue sendo uma promessa no momento. "O Brasil está atrasado, mas não tanto, porque mesmo lá fora está demorando", analisa, complementando que esse mercado "não está sendo tão avassalador quanto se esperava". Segundo ele, há concorrência com tecnologias como WiFi 6E e mesmo o 4G em situações nas quais não há grande demanda de dados. "Está havendo uma correção de expectativas."
Highline
A companhia é sediada em São Paulo, no Tamboré (bairro do município de Barueri), mas há planos de chegar a outros lugares, com foco na América Latina. Como conta com o capital da DigitalBridge por trás, há fôlego para expansão, mas sem canibalizar outros negócios. "A Highline é uma empresa irmã, mas é um negócio diferente", explica. "Eles têm uma pegada de ser meio como um host neutro mais para telecom, e o nosso é mais voltado para hyperscale. São mercados distintos, mas há espaço para trocar figurinhas."
A Scala tem um centro de excelência de engenharia, com mais de 100 engenheiros e voltado para a verticalização, acelerando a entrada de produtos no mercado. Para o CTO, trata-se de parte da "mágica" por poder oferecer maior capacidade de personalização, o que acontece após estudo de mercado para direcionar os esforços. "Estamos muito otimistas, começamos a colher resultados por ter algumas abordagens diferenciadas", acredita.