O interesse da Telefónica pelo modelo de redes de acesso abertas e interoperáveis (OpenRAN) deve crescer durante os próximos anos. Segundo a operadora (que é controladora da Vivo), entre 2022 e 2025, até 50% dos novos investimentos em redes de acesso 4G e 5G devem mirar fornecedores com a abordagem.
A meta foi revelada pelo diretor de tecnologia e informação (CTIO) da companhia, Enrique Blanco, em artigo publicado no portal Light Reading nesta segunda-feira, 24. “[Nós acreditamos] que as redes móveis estão evoluindo para um modelo virtualizado, construído com hardware de prateleira e software baseado em nuvem em um ambiente de múltiplos fornecedores, com interfaces abertas entre os elementos de rede”, resumiu.
Segundo Blanco, a Telefónica é uma das primeiras empresas da indústria a abraçar a opção, além de estar desempenhando um papel “muito ativo” no ecossistema das redes de acesso abertas. “A ambição é que o OpenRAN atinja até 50% do crescimento das redes de acesso 4G e 5G entre 2022 e 2025”, afirmou o CTIO.
Neste sentido, foram destacados testes pilotos anunciados para os mercados estratégicos do grupo (Brasil, Alemanha, Reino Unido e Espanha) entre 2020 e 2021. Por aqui, a experimentação já está ocorrendo a partir de rede comercial em duas cidades do Nordeste: Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
Outro aspecto mencionado foi a compra pela Telefónica de uma participação na Altiostar, que provê soluções de software para a nova arquitetura. Além dela, a controladora da Vivo ainda tem trabalhado com Gigatera Communications, Intel, Supermicro e Xilinx.
Desafios
Segundo Blanco, o OpenRAN terá um impacto significativo na indústria de telecom. Entre os pontos destacados por ele estão o surgimento de novos players de fornecimento; a flexibilidade que o novo modelo traria (inclusive para funções de edge móvel, ou MEC); e a possibilidade de implementações mais baratas em áreas rurais ou afastadas.
No entanto, o executivo também citou desafios. “Para que o OpenRAN funcione, toda a indústria precisa trabalhar em conjunto para ajudar a superar os desafios. Os operadores precisam se certificar de que [a arquitetura] pode ser perfeitamente integrada à infraestrutura legada”, afirmou Blanco. “Levará algum tempo para realizar os testes de interoperabilidade necessários para comprovar a maturidade da tecnologia“, reconheceu.
Para tal, foi destacado o ingresso da Telefónica em grupos dedicados ao tema dentro da indústria, como o Telecom Infra Project (TIP) em 2017, a O-RAN Alliance em 2018 e a Open RAN Policy Coalition em 2020. Tais entidades têm buscado o aperfeiçoamento do modelo OpenRAN tanto do ponto de vista técnico quanto regulatório.