As bolsas no mundo todo desabaram nesta segunda-feira, 24, em meio aos temores sobre a desaceleração da economia chinesa, apesar dos esforços das autoridades para tentar tranquilizar os investidores.
Os dois principais índices das bolsas chinesas, o de Xangai e o de Shenzhen, caíram fortemente, o que gerou certo pânico nos mercados. Xangai liderou a queda. O índice composto da bolsa chinesa caiu 8,49%, a 3.209,91 pontos, e está perto de zerar seus ganhos neste ano. Foi a maior queda diária desde o auge da crise financeira global em 2007. Já a Bolsa de Shenzhen, a segunda maior da China, registrou queda de 7,70%, a 1.882,46 pontos.
Segundo analistas, as ações estavam sobrevalorizadas. Por exemplo, no pico, as empresas de tecnologia chinesas tinham suas ações negociadas com um ágio ainda maior do que o da Nasdaq no estouro da bolha no ano 2000.
Tudo isso, é claro, gerou reflexos nos mercado europeu e norte americano, fazendo com que as bolsas sentissem o impacto da queda. O índice Standard & Poor's 500 que reúne as dez principais indústrias americanas retraiu pelo menos 2% no período da manhã, sendo que as perdas mais pesadas foram de algumas das ações mais badaladas, como do Netflix e da Amazon.com, que caíram mais de 4%.
Os papéis da Apple, que haviam recuado 1,9% na semana passada, chegaram a registrar baixa de 3,3% nesta segunda-feira na Nasdaq — a bolsa de tecnologia chegou a cair 1,34% nesta segunda-feira. E isto, a despeito de o CEO Tim Cook ter antecipado à CNBC que a empresa deve ter um trimestre bastante promissor na China, em decorrência do "forte crescimento" nas vendas nos meses de julho e agosto.
A IBM foi outra que sentiu os reflexos da queda das bolsas mundiais, cujas ações atingiram pico de baixa de 4,2% nesta segunda, embora no meio da tarde tenham reagido um pouco, registrando queda de 1,72%. Já as ações do Alibaba, que são negociadas na Bolsa de Nova York (NYSE), chegaram a registrar queda de 2,52%, vendidas a US$ 66,46. A gigante do comércio eletrônico chinês prevê que os papéis fechem cotados a US$ 68,19.
Até mesmo o Google, cujas ações vinham registrando alta nas últimas duas semanas em razão do anúncio de uma ampla reestruturação, que culminou com a saída de Larry Page do cargo de CEO, e a nomeação de Sundar Pichai para o seu lugar, além da criação da Alphabet, que irá operar como holding do Google e outras empresas do grupo, viu seus papéis atingirem queda da 7,5%, logo após a abertura do pregão.
Há muito que se especular no mercado sobre o risco de estouro de uma nova bolha tecnológica, já boa parte das ações, principalmente de Internet, tem atingindo picos próximos ao registrado durante a bolha de 2000, de 5.132 pontos. Em março deste ano, o Nasdaq Composite, por exemplo, principal índice da bolsa eletrônica que avalia o desempenho médio das empresas de TI, telecomunicações e biotecnologia, atingiu 5.000 pontos.
Embora o índice tenha caído nos últimos meses, analistas que acompanham o setor vinham insistindo que muitas ações de tecnologia ainda continuavam sobrevalorizadas. O que, agora, com a retração chinesa, segundo esses analistas, deve fazer com que voltem a um patamar mais realista.
Brasil
No Brasil, acompanhando as bolsas do resto do mundo, a BM&FBvespa chegou a registrar queda de 6%, voltando a registrar seu menor índice desde abril de 2009, mas se recuperou um pouco e fechou o pregão do dia com queda de 3,03%.
As ações preferenciais da Oi (OIBR4) registraram o terceiro pior desempenho das empresas que compõem o Ibovespa, queda de 9,67%, cotadas a R$ 2,71. As PNs da Oi perderam apenas para as preferenciais da Gerdau (GOAU4) e da Usiminas (USIM5), -12,46% e -10,42%, respectivamente.