Oversharing em Londres serve como alerta ao Brasil

Durante as Olimpíadas de Londres, no final de julho, uma prova de ciclismo acabou tendo problemas em exibir informações sobre a distância dos competidores por conta de falha na comunicação. O motivo: uma grande utilização da rede móvel no local pelo público. A audiência estava entrando em redes sociais para comentar a disputa e fazer upload de fotos e vídeos, sobrecarregando a infraestrutura e prejudicando a captação de dados de localização (GPS) nas bicicletas. Ou seja, ocorreu um “oversharing”, que levou o Comitê Olímpico a apelar à população para não utilizar tanto serviços como Facebook e Twitter durante as competições.

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Se isso foi um problema agora, o potencial para ocorrer algo semelhante em 2014 e 2016, quando serão realizadas a Copa do Mundo no Brasil e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, é muito grande. Ainda mais com a tendência de crescimento no compartilhamento de vídeos e no aumento de banda com a LTE. Para a diretora de marketing da Ciena no Brasil, Patrícia Vello, é possível sanar a dificuldade executando um planejamento adequado que ofereça tanto largura de banda quanto uma configuração de critérios de prioridade na rede. “Tem que ter algum tipo de proteção e qualidade de serviço quando alguns usuários são mais importantes do que outros”, afirma. A Ciena oferece uma solução de wireless backhaul, que permite receber o sinal, separar a priorização de tráfego e transmitir isso para a rede de fibra, mantendo o critério de preferências. “Isso significa que poderíamos impedir o que aconteceu em Londres.”

Segundo ela, ao se projetar um sistema, seja wireless ou com cabos, a banda sempre é dividida, mesmo entre fibra óptica, xDSL ou 4G. Em Londres, a banda foi compartilhada baseada no método de estatística, sem prever picos de acesso, o que acabou provocando um apagão na comunicação entre o dispositivo de GPS equipado nas bicicletas e o da equipe técnica dos jogos quando a plateia passou a sobrecarregar a rede com acessos móveis. “Faltou uma conversa entre a organização do evento e o provedor de tecnologia. Poderiam ter contratado um sistema em vez de ter implementado um processo próprio”, critica.

Patrícia explica que é necessário se preocupar com toda a cadeia de processos na rede, não apenas com um ponto como aumento da banda. “É muito simples colocar uma ERB móvel em um container, isso pode ser feito em dois ou três dias. Mas replanejar a transmissão de toda uma cidade pode não ser tão fácil”, compara. Ela compara a elasticidade natural de uma rede wireless com a dificuldade de se dimensionar uma de fibra. “É muito mais demorado e complicado, por isso é tão importante um planejamento prévio”, revela, ressaltando que o problema pode se expandir com a Copa do Mundo no Brasil, que não terá os eventos concentrados em apenas uma cidade.

Ainda assim, é necessário garantir também os acessos para os usuários, alocando para os serviços mais importantes apenas quando estritamente necessário. “A verdade é que é preciso fazer as duas coisas: não pode haver apagão. Se tiver cuidado somente com a priorização, poupa o Comitê Olímpico, mas os usuários teriam problema”, completa.

De qualquer forma, um aumento de banda depende de investimentos de operadoras, segundo a executiva. Ainda mais com a tendência de streaming de vídeo e tráfego maior por conta da melhoria da velocidade nas redes 3G e 4G. Apesar das dificuldades, a diretora de marketing se mostra otimista em relação à capacidade das operadoras proverem serviço de qualidade durante os eventos esportivos nos próximos anos. “O Comitê Olímpico do Brasil esteve presente em Londres e são pessoas competentes, acredito que vão aprender com a experiência”, conclui.

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