A startup norte-americana Astranis tem planos ambiciosos para a América Latina, com o objetivo de lançar até 100 satélites "microGEO" até 2030. John Gedmark, CEO da empresa, destacou em entrevista a este noticiário que o Brasil é uma de suas prioridades e que há muito interesse em fechar negócios na região, mencionando que 12 satélites já estão reservados, incluindo um para a Argentina e três para o México. Ele participará do Congresso Latinoamericano de Satélites, que acontece dias 1 a 3 de outubro, no Rio de Janeiro, e é organizado pela TELETIME e pela Glasberg Eventos.
O modelo de negócio da Astranis se baseia em desenvolver, fabricar e operar satélites pequenos e econômicos, que são configuráveis por software. Esses satélites são lançados em órbita geoestacionária (GEO) e oferecem serviços de internet dedicados para áreas geográficas específicas. A empresa trabalha em parceria com provedores de internet locais, governos e organizações para atender às necessidades únicas de cada região.
Recentemente, a Astranis anunciou um contrato com a SpaceX para lançar quatro satélites antes do final deste ano, com mais cinco satélites programados para o próximo ano e outros seis no ano seguinte. A empresa também conseguiu levantar US$ 750 milhões para montar toda a infraestrutura de testes e fabricação em São Francisco, Califórnia.
Em entrevista a este noticiário, o CEO da Astranis, John Gedmark, afirmou que o modelo de negócio da empresa é baseado em leasing, onde os clientes pagam conforme utilizam o serviço, proporcionando uma alternativa mais econômica e flexível em comparação com os satélites tradicionais.
Com esses planos e estratégias, a Astranis espera revolucionar a indústria de satélites e melhorar o acesso à internet em regiões remotas e sub-servidas da América Latina.
Para o Brasil, a Astranis tem planos específicos de atender à demanda crescente por conectividade de backhaul 5G. A empresa está em negociações com operadoras locais para fornecer soluções de satélite que possam complementar a infraestrutura terrestre existente, especialmente em áreas rurais e remotas. Gedmark destacou que o Brasil é uma prioridade estratégica para a Astranis, devido ao seu vasto território e à necessidade de melhorar a conectividade em regiões menos atendidas.
No entanto, a entrada no mercado brasileiro não é isenta de desafios. A concorrência com outras empresas de satélites, como a Starlink e a OneWeb, é intensa. Além disso, a regulação e a obtenção de licenças para operação de satélites podem ser processos complexos e demorados. Para Gedmark, contudo, existe grande complementariedade entre todos os tipos de soluções, e a cobertura GEO tem claras vantagens em grandes territórios como o Brasil, pela facilidade de cobertura com apenas poucos satélites.
Outro desafio significativo é a necessidade de investir em infraestrutura de suporte, como estações de controle terrestre e centros de operação, para garantir a eficiência e a confiabilidade dos serviços oferecidos. Gedmark diz que a empresa tem um modelo de negócios flexível e uma abordagem centrada no cliente, que visa oferecer soluções personalizadas para atender às necessidades específicas de cada mercado.
Com esses planos e a determinação em superar os desafios, a Astranis espera não apenas expandir sua presença na América Latina, mas também contribuir significativamente para a melhoria da conectividade e o desenvolvimento econômico das regiões atendidas. O CEO da empresa admite que existem oportunidades interessantes, como a oferta de serviços a governo, por meio da Telebrás, que hoje tem necessidade de capacidade. Ele também enxerga o mercado de ISPs como uma oportunidade, especialmente em um modelo como o da Argentina, em que seu principal cliente é justamente uma empresa de rede.