A Claro confirmou que pretende adquirir as faixas de 3,5 GHz e 26 GHz no leilão de 5G, mas ainda avalia possibilidades de compra de espectro em 2,3 GHz e no 700 MHz, caso possível após primeira rodada sem interessados. No entanto, a operadora também teme um leilão "pesado" por conta de obrigações impostas pelo governo.
Durante participação no primeiro dia de TELETIME Tec realizado nesta segunda-feira, 24, o CEO da área de consumo da Claro, Paulo César Teixeira, abordou a estratégia da operadora para o certame, que a Anatel espera realizar no segundo semestre.
"Sem dúvida a faixa de maior importância é a de 3,5 GHz, na banda C, e acreditamos que necessitamos de 100 MHz. Esse seria o tamanho necessário nesse momento e acreditamos que será possível", afirmou o executivo. Para tal, a empresa precisa assegurar um dos lotes nacionais de 80 MHz, além de 20 MHz adicionais no caso de um quarto player não se interessar na primeira rodada.
Já o 26 GHz seria uma faixa para "guardar para o futuro", conforme entendimento da empresa. "A faixa poderia aguardar momento melhor para ser leiloada, mas como a decisão foi essa de leilão conjunto, vamos ter que adquirir, naturalmente, pois vai haver demanda no futuro", admitiu o CEO. A frequência é a única no certame que não tem atreladas obrigações de cobertura, o que significa que o custo preliminar de R$ 4 bilhões seria totalmente para arrecadação da União.
Por sua vez, a decisão sobre a faixa de 2,3 GHz seria uma questão de custos. "Temos que ver o que ela pode aportar no médio prazo", apontou Teixeira, depois contextualizando que o espectro teria utilidade "talvez de forma mais regionalizada, onde tem demanda de tráfego maior".
Mesmo uma avaliação do 700 MHz também não está descartada para "complementariedade" de serviços, caso haja vazio na primeira rodada pelo ativo. Nesse caso, incumbentes como a Claro poderiam disputar o espectro, desde que respeitados os limites de espectro.
Obrigações
Mesmo com o apetite, a Claro projeta um leilão 5G pesado e menos atrativo do que o visto em outros mercados de porte similar.
"Temos que ver a versão final, mas os números que temos olhado nesse momento em termos de obrigações postas e definitivas são bastante pesados. Seguramente o Brasil não vai se colocar como um leilão muito atrativo com as obrigações, na comparação com outros mercados com ARPU [receita média por usuário] similar", afirmou Teixeira.
O próprio CEO da Claro notou que nos EUA, um leilão de espectro em banda para serviços 5G levantou US$ 80 bilhões. "Mas lá tem ARPU sete vezes maior que o nosso. Temos que adequar [os valores] à receita que temos hoje".
Em contrapartida, também há expectativa de chegada de novos smartphones 5G com preço intermediário no País, facilitando o acesso à tecnologia. Segundo Teixeira, o movimento deve ocorrer já a partir do final do ano com aparelhos de cerca de R$ 2 mil.
Ele acredita que existe um movimento já irreversível de migração dos serviços 4G para o 5G com o DSS. "Já estamos oferecendo uma experiência 5G em termos de velocidades de acesso, e a indústria (de handsets) já está preparada para trazer isso também para aparelhos de média gama. Esse ano já deve ser o Nata do 5G", diz o executivo.