A Nokia divulgou nesta quinta-feira, 24, os resultados financeiros referentes ao primeiro trimestre deste ano. A empresa apontou uma queda de 70% no lucro líquido, na comparação com o mesmo período do ano passado, e temores de que a política tarifária do governo dos Estados Unidos impacte ainda mais os números no segundo trimestre (saiba mais abaixo).
A fornecedora finlandesa registrou lucro líquido de 153 milhões de euros (aproximadamente R$ 987,4 milhões) no período de janeiro a março, ante 512 milhões de euros (R$ 3,3 bilhões) no mesmo intervalo de 2024.
O lucro operacional teve um declínio ainda mais acentuado (-74%), caindo de 600 milhões de euros, no primeiro trimestre do ano passado, para 156 milhões de euros, no período inicial de 2025.
Segundo a empresa, os resultados foram impactados por amortizações de ativos intangíveis, conclusão da compra da Infinera e custos do programa de reestruturação em andamento.
Receitas em baixa
A Nokia registrou 4,39 bilhões de euros em receitas no primeiro trimestre, baixa anual de 3% em moedas constantes. O faturamento, na prática, foi afetado pela divisão Nokia Technologies, cujos negócios tiveram queda de 52% em relação ao intervalo de janeiro a março do ano passado, muito em função de acordos assinados naquele período.
Por outro lado, as divisões de Infraestrutura de Rede (+11%), Nuvem e Serviços de Rede (+8%) e Redes Móveis (+2%) cresceram nos três primeiros meses de 2025.
Inclusive, a empresa destacou que, com a integração da Infinera aos negócios, a vertical de Redes Ópticas (braço do negócio de Infraestrutura de Rede) cresceu 15% no primeiro trimestre, "particularmente com hyperscalers".
Em termos geográficos, no primeiro trimestre, a Nokia cresceu na América do Norte (+21%, na comparação anual) e na Ásia-Pacífico (+12%). Houve queda de 21% na região composta por Europa, Oriente Médio e Ásia (EMEA) e de 4% nos países latino-americanos.
Impacto das tarifas
No balanço financeiro, o recém-empossado presidente e CEO da Nokia, Justin Hotard, não se esquivou de comentar o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O executivo disse que a companhia não está imune "à rápida evolução do cenário de comércio global", mas acredita que "nossos mercados devem se provar relativamente resilientes". Ainda ressaltou que a empresa vai usar a "flexibilidade da nossa rede global de manufatura para minimizar o impacto do cenário tarifário".
No entanto, projetou que a empresa deve sofrer um impacto de 20 milhões de euros a 30 milhões de euros no lucro operacional no segundo trimestre, em função da escalada da guerra tarifária.
"Dada a falta de visibilidade, não assumimos uma suposição relacionada às tarifas no segundo semestre de 2025", declarou.
De todo modo, Hotard indicou que 2025 deve ser um ano favorável para os segmentos de infraestrutura e nuvem. Para redes móveis, a expectativa é de que os negócios fiquem estáveis. Inclusive, no que diz respeito a este setor, a Nokia anunciou nesta quinta-feira a extensão de um contrato plurianual com a operadora norte-americana T-Mobile envolvendo redes de acesso via rádio (RAN) 5G.