Empresas testam 5G via satélite para acabar com 'zonas mortas' de cobertura

A constelação de órbita baixa (LEO) OneWeb, da Eutelsat Group - Foto: Divulgação

A última semana de fevereiro foi marcada por avanços na integração entre redes 5G e satélites, tecnologia cada vez mais visada para levar conectividade para regiões remotas e ampliar aplicações críticas. Em iniciativas paralelas, um consórcio europeu liderado pela Ericsson demonstrou "pela primeira vez" uma conexão 5G via satélite usando uma frota comercial em órbita baixa (LEO); enquanto outro projeto capitaneado pela Eutelsat testou com sucesso o uso de satélites para substituir a infraestrutura terrestre de backhaul em áreas isoladas.

Nos dois casos, houve adoção do padrão 3GPP. O objetivo foi reforçar o potencial das redes não terrestres (NTN) para eliminar as chamadas "zonas mortas" de cobertura – aqueles locais remotos no globo onde a entrega de conectividade à Internet via fibra, por exemplo, ainda é um desafio logístico. Confira os avanços:

Teste da Ericsson

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O primeiro teste foi realizado na Espanha em conjunto com três entidades: a Ericsson forneceu a infraestrutura 5G, o Grupo Oesía (empresa de tecnologia digital industrial) desenvolveu terminais de satélite avançados e a Universidade Carlos III de Madri (UC3M) coordenou esse esforço.

Juntos, eles usaram satélites de órbita baixa da constelação OneWeb para substituir a infraestrutura física de backhaul – considerada a "espinha dorsal" que liga antenas 5G à rede central da operadora.

Em nota, a Ericsson afirmou que a equipe implantou uma estação base portátil (gNodeB) em uma área sem cobertura tradicional e a conectou, via satélite, a um data center remoto operado pelo laboratório 5TONIC. Com isso, eles conseguiram validar com sucesso a "transição suave" entre o acesso móvel e via satélite, usando a tecnologia Advanced Traffic Steering-Switching-Splitting (ATSSS) da 3GPP, para garantir serviço 5G ininterrupto.

"Essa integração pioneira também permite uma transição perfeita entre acesso móvel e via satélite, para manter a operação contínua em redes 5G em muitos cenários", disse o chefe de tecnologia e inovação da Ericsson Espanha, Manuel Lorenzo. Para os envolvidos, há potencial para aplicar essa abordagem em áreas afetadas por desastres ou mesmo operações industriais em locais de difícil acesso.

5G via satélite

Já no segundo experimento, liderado pela Eutelsat, MediaTek e Airbus Defence and Space (em colaboração com Sharp, Rodhe and Schwarz e o instituto taiwanês ITRI), realizou-se o que afirmam ser a primeira conexão "bem-sucedida" 5G do mundo via satélite LEO comercial, sem a dependência de infraestrutura terrestre.

Usando também uma constelação OneWeb, a equipe conectou um terminal de usuário 5G diretamente ao satélite, transmitindo dados em banda Ku. "Os testes abrem caminho para a implantação do padrão 5G NTN, que resultará na interoperabilidade futura entre satélite e redes terrestres dentro de um grande ecossistema, reduzindo o custo de acesso e permitindo o uso de banda larga via satélite para dispositivos 5G em todo o mundo", comunicou a Eutelsat à imprensa. 

"Ao fazer conexões no mundo real com satélites LEO em órbita, estamos agora mais perto de trazer a próxima geração de conectividade NR-NTN baseada em 3GPP para uso comercial", disse o chefe de sistemas sem fio e engenharia ASIC da MediaTek, Mingxi Fan.

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