Para Nokia, não há riscos de atrasos e aumento de custos na implantação de 5G

Em  apresentação que antecedeu o MWC 2019, que acontece esta semana em Barcelona, o CEO da Nokia, Rajeev Suri, tratou de maneira indireta, mas bastante incisiva, a questão que tem sido colocada por analistas nas últimas semanas sobre os prejuízos que poderiam acontecer ao cenário de implantação da tecnologia de 5G na Europa e em outros países caso restrições à chinesa Huawei venham a ser aplicadas ou ampliadas. Para a empresa finlandesa, este risco não existe.

"As pessoas estão genuinamente se perguntando sobre segurança, sobre quão confiável é a rede e sobre quais fornecedores são mais adequados. Não vou entrar nesse tópico, mas quero comendar o que dizem que a implantação do 5G Europa será atrasada e os custos aumentarão se alguns forem afastados. Os fatos não suportam essa afirmação. O 5G é um ecossistema, não copyright. Nenhuma empresa determina como e quando será o processo o 5G e o deployment não pertence a apenas uma empresa sozinha", afirmou Suri em conferência a analistas e jornalistas neste domingo, 24. "Parece ilógico que a Nokia esteja em condições de liderar o processo de 5G nos EUA mas não possa fazê-lo na Europa", ironizou. Para ele, a Europa tem outros problemas: espectro, por exemplo, que muitos países ainda não liberaram. E outro problema, segundo o CEO da Nokia, reconhecendo o paradoxo do ponto de vista de um fornecedor, é a falta de consolidação dos operadores em alguns países. Existem um grande número de países com mais de três operadores, disse ele, em que alguns players não têm limitações para investir em suas redes. Ele concluiu afirmando que "nem sempre o rápido e barato é o melhor. O melhor é o melhor. E em relação a segurança de redes, o melhor é o que realmente importa", provocou, em clara indireta ao seu principal concorrente chinês.

Aliás, a Nokia inaugurou uma nova abordagem para se diferenciar das concorrentes. A empresa se coloca agora como a única empresa fornecedora com um portfólio completo de produtos e que tem, ao mesmo tempo, cobertura global. É uma provocação à Ericsson, sua rival europeia, que não dispõe de soluções de redes fixas, e à Huawei, que tem limitações para atuar nos EUA e vê o mesmo problema surgir em alguns países aliados dos norte-americanos.

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Um dos discursos da Nokia é também em favor de soluções single-vendor, our seja, apenas um fornecedor. Segundo a empresa, as operadoras conseguem ser 45% mais rápida no deployment quando optam por um único fornecedor de suas redes, com um custo 30% menor do que as soluções multivendor.

Contratos e estratégia

A empresa anunciou ainda ter chegado à marca de 20 contratos para 5G, com 15 mil BTS encomendadas e mais de 3,8 milhões de equipamentos de rádio instalados globalmente prontos para 5G, além de 100 testes com diferentes operadoras em andamento. Também durante a conferência, Rajeev Suri anunciou seu primeiro terminal para redes 5G fixas, reforçando a tendência já evidenciada pela estratégia da Verizon nos EUA de chegada do 5G inicialmente a aplicações de acesso fixo em alta velocidade, em substituição ou complementação do acesso por fibra.

A Nokia aposta em cinco vertentes principais que movimentarão o mercado de 5G, começando pela tecnologia de rádios 5G; passando pelas conectividade de última milha, o que inclui antenas MIMO e edge computing; terminais e microcélulas operando em faixas milimétricas; slicing das redes e especialização dos softwares que definirão os serviços; e o desenvolvimento do mercado de enterprise.

Como parte desta visão, a Nokia criou divisões específicas para software e slicing das redes e também uma unidade responsável pelo desenvolvimento do mercado de enterprise. A empresa estima que mais de 1,5 milhão de empresas no mundo todo terão, em algum momento, redes próprias baseadas em LTE, gerando um mercado que até 2028 pode girar US$ 1 trilhão, segundo a Nokia.

Segundo Rajeev Suri, o ciclo de 5G que está se iniciando agora e que tende a acelerar a partir do segundo semestre e em 2020 (ou 2021, no caso de países emergentes, como os da América Latina, segundo ele), será um ciclo longo, de mais de 10 anos, e que ainda é muito cedo para se começar a falar de 6G. "O 5G ainda não está totalmente padronizado, muito espectro a ser licenciados e há muitas potencialidades ainda a serem exploradas, por isso não virei aqui em 12 meses para começar a falar das maravilhas do 6G", brincou. Para ele, contudo, existe um aspecto central na estratégia das operadoras e das empresas fornecedoras que são as preocupações com segurança. "Isso não é algo negociável em 5G, ainda mais nas aplicações de IoT", afirmou.

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