Militares dos EUA querem testar compartilhamento de espectro em 5G

Foto: Pixabay

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) anunciou nesta quarta-feira, 23, uma chamada de propostas (RFP) para experimentar 5G em larga escala no país, incluindo instalações militares e testes com compartilhamento de espectro ocioso com o setor privado. A formatação completa dos testes ainda está sujeita à nova diretriz orçamentária norte-americana, que ainda vai ser votada no congresso, mas a intenção é de procurar executar demonstrações em menor escala. Segundo a vice-secretária de pesquisa e defesa do DoD, Lisa Porter, todas as bandas 5G comercialmente disponíveis poderão ser usadas, mas há uma atenção especial à banda média, sobretudo em 3,5 GHz. 

Com o tempo, a possibilidade de compartilhar a experiência com outros países é aventada. Perguntada se haveria interesse em trocar informações com o governo brasileiro, Porter apenas deixou a possibilidade aberta em outro momento. "Claro que estamos buscando parceiros e aliados para trabalhar nisso de forma colaborativa. Em curto prazo, será mais com companhias de parceiros, e ao longo do tempo, vamos e trabalhando com outras das nossas agências, particularmente com o departamento de Estado e a FCC, e para ir expandindo", declarou.

O edital da RFP será apresentado em novembro, com lançamento previsto para dezembro e dependendo da aprovação do orçamento de 2020. Serão quatro sites militares com teste em larga escala e três diferentes casos de uso em 5G. O primeiro é envolvendo aplicações de realidade virtual e aumentada (VR e AR) para treinamento de missão. O segundo é de uso em armazéns inteligentes, o que também tem aplicação corporativa "com muita oportunidade comercial e militar, pois o DoD tem uma operação bem complexa de logística". O terceiro, fruto de especial atenção, é o do compartilhamento de espectro por meio de tecnologia de Dynamic Spectrum Sharing da agência norte-americana de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Defense Advanced Research Projects Agency, DARPA), com radares em banda média. 

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O DoD está trabalhando próximo à reguladora FCC, além da associação de telecomunicações NTIA, para esses casos de uso, com atenção especial à faixa CBRS (trecho de 150 MHz em 3,5 GHz). "O departamento tem muito espectro médio. Chegamos a um ponto em que não dá mais para fazer um jogo em que todos ganham. O DARPA tem esse desafio muito grande com o compartilhamento de espectro, mas tem lugares em que ele não está sendo usado, não estamos usando de forma muito eficiente", declara Lisa Porter. 

Ela deixa claro que a ideia é compartilhar com redes privadas de operadoras – o governo norte-americano procurou conversar com fornecedores múltiplos, além das teles e outros interessados. Vale notar que o Google também tem interesse em tecnologia de gerenciamento inteligente Spectrum Access System (SAS) para o uso de porções ociosas da faixa

Naturalmente, uma das questões que a Defesa dos EUA quer entender é sobre a segurança dessas aplicações. Porter explica que o 5G vai trazer a conectividade ubíqua, mas ressalta que "ninguém entende direito ainda o que isso implica em vulnerabilidade, pois se torna um sistema muito complexo". Isso porque essa complexidade trará uma área maior de ataque (por estar mais tempo conectado e com mais coisas), com possibilidade de aumento exponencial de vulnerabilidades também. "Temos que trabalhar com os casos que são úteis para nós e entender como podemos mitigar", declara. "É importante."

*O jornalista viajou a Los Angeles a convite da GSMA.

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