Microsoft unificará Windows entre todas as plataformas

Na semana passada, quando a Microsoft anunciou seu plano de reestruturação (que incluiu a demissão de 18 mil funcionários) e o fim do namoro com o sistema Android, o vice-presidente da Microsoft Devices, Stephen Elop, afirmou que usaria o time Windows para promover aplicativos universais, indicando uma maior integração entre as diversas plataformas com as quais trabalha. Entretanto, pelo que o CEO, Satya Nadella, disse na conferência desta quarta-feira, 23, a meta é maior: um sistema único para funcionar em PCs, tablets, smartphones e até mesmo Xbox.

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"Vamos consolidar esforços sobrepostos. Isso significa um sistema operacional que cubra todos os tamanhos de tela e consolide o uso de serviços e produtividade em uma linha de trabalho", disse Nadella. A unificação valerá já a partir do Windows 9, que poderá sair em 2015, e deverá permitir que um mesmo aplicativo funcione nos diferentes dispositivos. "Vamos unificar nossas lojas e plataformas de desenvolvimento para levar aos desenvolvedores uma oportunidade mais abrangente", diz.

O Windows Phone 8 já indicava essa tendência, pois compartilhava o código fonte do sistema operacional para desktops, o Windows 8. Com o anúncio, no entanto, a ideia é que a camada de software seja exatamente a mesma – adaptável na interface de acordo com o aparelho, mas essencialmente idêntica entre todos os dispositivos.

Mobile x PCs

"O que eu falei é mais amplo do que apenas a abordagem de engenharia", explica o CEO da Microsoft. "Agora temos um time só com uma arquitetura de ponta que permite levar ao desenvolvedor uma oportunidade com um mecanismo só de descoberta e de loja (de apps)", ressaltou. Ele não explica exatamente como funcionará essa integração, mas garantiu que a interface de usuário (UI) será a mesma por todas as telas "para criar a noção de universalidade". Vale lembrar também que a UI atual (antes chamada de "Metro") não foi bem recebida por usuários de PCs, o que obrigou a empresa a liberar uma atualização (a 8.1) trazendo de volta o botão Iniciar e a opção de inicialização com a interface tradicional em computadores.

Satya Nadella usou por diversas vezes a expressão "decisão corajosa" não apenas para falar da reestruturação, mas também para a busca pela convergência. De fato, seria um passo à frente dos competidores. Apesar de aproximar cada vez mais o OS/X do iOS, a Apple manteve os dois sistemas diferentes, estratégia que o CEO Tim Cook ainda deve manter pelo menos pelo próximo ano. Já o Google busca uma identidade visual mais uniforme entre o Chrome OS e o Android, mas também não dá sinais de que uma integração total estaria no plano em curto prazo.

Videogame

A estratégia da Microsoft para consoles de videogame pode ser restrita à camada de aplicativos, sem envolver o sistema que roda jogos. Atualmente, o Xbox One (hardware mais recente da empresa) funciona com três sistemas virtualizados, um deles dedicado a games e que utiliza o máximo possível do hardware. É provável que Nadella pretenda apenas migrar a camada virtualizada de apps, onde já funcionam serviços adaptados especificamente para o Xbox como Skype e Netflix, para um Windows 9 também virtualizado. Para os desenvolvedores de jogos, nada mudaria e a compatibilidade com títulos já lançados seria mantida.

Estratégia

Tudo isso permeia a nova estratégia da Microsoft de "uso duplo", que vai também convergir times de desenvolvimento de plataformas corporativas e para usuários finais, como a união das equipes dos softwares de comunicação Skype e Link. A companhia pretende ainda mudar o modelo de negócios em relação ao seu software, deixando de cobrar para atualizações grandes. A ideia é combinar a monetização com OEMs que utilizam o Windows em seus hardwares com a monetização no backend, incluindo serviços como Bing (busca concorrente do Google) e outros serviços adicionais.

Com toda essa integração, além da eliminação da gordura em excesso obtida com a compra da divisão de handsets da Nokia, a Microsoft espera que as medidas tragam resultado até a metade de 2015, quando se encerra o ano fiscal da empresa. Segundo a CFO Amy Hood, o guidance para receitas da divisão de hardware de celulares entre US$ 1,9 bilhão e US$ 2,3 bilhões. "Estamos trabalhando agressivamente para obter sinergias entre desenvolvedores, cadeia de fornecimento e operações para integrar os negócios. Esperamos obter mais de US$ 1 bilhão em sinergias e ter o break-even da divisão de telefones no ano fiscal de 2016", disse ela.

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