Brasil busca posições no comando da UIT apostando em pragmatismo

Foto: UIT

O Brasil lançou oficialmente na última semana as candidaturas do País a um assento no Conselho da União Internacional de Telecomunicações (UIT) e do atual presidente da Anatel, Carlos Baigorri, ao posto de secretário-geral adjunto da entidade. No horizonte, o governo vislumbra a oportunidade de promover aprimoramentos na governança da agência especializada das Nações Unidas (ONU) para telecom, a partir de uma postura pragmática e sem alinhamentos automáticos.

O futuro da UIT será definido durante eleições na próxima Conferência de Plenipotenciários (a PP-26). O evento quadrienal da entidade ocorrerá em novembro de 2026 em Doha, no Catar. Dos 194 países membros da UIT, 48 nações compõem o Conselho. Já o posto de secretário-geral adjunto (ao qual concorre Baigorri) é o segundo na hierarquia da UIT.

O Conselho da UIT realiza neste momento a sua Sessão de 2025, iniciada no último dia 17 em Genebra, na Suíça, e que se encerra na sexta-feira, 26. No segundo dia dos trabalhos (a última quarta-feira, 18), o Brasil realizou um evento oficial de lançamento de sua candidatura como um dos representantes da Região das Américas. O País é membro do Conselho desde sua criação, em 1947.

Notícias relacionadas

Entre os presentes no evento estavam o embaixador Guilherme Patriota, representante permanente da Missão do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e outras organizações internacionais; e a secretária-geral da UIT, a norte-americana Doreen Bogdan-Martin, que encerrou a cerimônia.

A dirigente, cuja recondução tem sido apoiada pelo governo dos Estados Unidos, manifestou satisfação com o anúncio das candidaturas brasileiras, ressaltando a "relevante presença brasileira nos trabalhos voltados aos avanços globais das telecomunicações" e outras contribuições do País, como ser o anfitrião do Escritório Regional da UIT nas Américas.

No caso da candidatura de Carlos Baigorri ao cargo de secretário-geral adjunto, vale notar que a escolha do secretário-geral adjunto não se dá em "chapa" com a de secretário-geral ou a de outros oficiais eleitos, mas por votação específica, feita de forma independente (cada Estado Membro detém um único voto).

Neste caso, o entendimento brasileiro é que o atual presidente da Anatel fortaleceu o engajamento global da agência por meio de acordos e parcerias estratégicas, permitindo relações bilaterais com reguladores em todo o mundo e contribuindo para iniciativas do BRICS e do G20.

De forma geral, o Brasil aposta em uma atuação pautada por pragmatismo e ausência de alinhamentos automáticos. O País também destaca contar com forte engajamento nos projetos e frentes de trabalho da UIT relativos a temas emergentes. Além do Ministério das Comunicações (MCom), a promoção das candidaturas junto à comunidade internacional envolve coordenação com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

018de49d 8910 44d9 856f c663e213a779
Evento de lançamento das candidaturas brasileiras à UIT. Foto: Anatel

A agenda

A agenda do Brasil na UIT é ampla. Entre os objetivos de tradicional defesa pelo País estão o aprimoramento da governança do Conselho da UIT, uma maior transparência orçamentária, uma priorização clara na alocação de recursos do organismo e a composição de uma equipe de funcionários internacionais geograficamente equitativa.

Outro ponto destacado pelo Brasil é que o País mais que triplicou sua contribuição financeira para manutenção da UIT, passando de 954 mil francos suíços ao ano para 3,5 milhões de francos suíços ao ano (cerca de R$ 23 milhões de reais). Isso representaria um lugar entre os principais contribuintes da organização internacional.

"Durante o ciclo de 2023-2026, o Brasil também atuou no Conselho para fortalecer os resultados técnicos da UIT nas áreas de segurança cibernética, Inteligência Artificial relacionada às TICs e conectividade espacial, entre outros objetivos, para atender às necessidades de todas as nações", afirma a Anatel, em um site com informações sobre as eleições de dezembro.

Conectividade significativa, sustentabilidade espacial e resiliência de cabos submarinos são outros aspectos comumente presentes na agenda brasileira na agência especializada da ONU.

Acordo com Catar

Durante a reunião do Conselho da UIT em curso na Suíça, o Brasil também aproveitou para celebrar acordos internacionais. Nesta segunda-feira, 23, foi anunciado ao lado do Catar um Memorando de Entendimento para desenvolvimento de uma cooperação na gestão do espectro radioelétrico.

O compromisso foi assinado pelo presidente da Anatel, Carlos Baigorri, e pelo presidente da Autoridade Reguladora de Comunicações (CRA) catari, Ahmad Abdulla AlMuslemani. Estão previstas a colaboração para o uso eficiente do espectro e monitoramento do uso do recurso (incluindo o monitoramento baseado em satélite), além de uma "ambição compartilhada de fortalecer a cooperação bilateral" em temas na cadeia de TICs.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!