Integração e garantia de performance são maiores desafios para OpenRAN

O interesse crescente da indústria de telecom por redes abertas e interoperáveis de acesso em rádio (OpenRAN), sobretudo com a chegada do 5G, vai exigir a superação de uma série de desafios do ponto de vista técnico e operacional. Durante o evento TELETIME Tec encerrado nesta terça-feira, 23, questões como garantia de performance dos novos equipamentos e um papel maior das integradoras de tecnologia foram destacados por representantes da Vivo, Ericsson e Facebook.

Gerente de tecnologia da Vivo com atuação em projetos OpenRAN da operadora, Celso Valério destacou que, de um ano para cá, uma "evolução muito grande" foi percebida entre as fornecedoras de equipamentos que atuam na lógica do novo padrão. Mesmo assim, a performance ainda estaria abaixo da maturidade dos fornecedores atuais.

"Há uma boa maturidade, mas ainda tem alguns degraus que a tecnologia precisa atender. Isso é natural, pois os vendors tradicionais estão há muito tempo conosco", afirmou Valério. Entre os pontos que precisam de atenção especial estão a necessidade maior de integração (visto que o OpenRAN deve reunir tecnologia de diferentes fornecedores), inclusive com a presença de suporte técnico no País.

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"É um desafio bem grande no que toca integração de sistema", concordou o diretor de solução e tecnologia da Ericsson, Paulo Bernardocki. "Ao trazer vários fornecedores menores, todo esse trabalho de testes e integração se torna central para garantir que não haja falhas no serviço", pontuou.

Segundo o executivo, a Ericsson não tem resistência à opção, vislumbrando inclusive oportunidades no modelo e se engajando nos fóruns de promoção de tecnologia. "[Mas] as empresas vão ter que adquirir competências se quiserem trabalhar nesse mercado. Temos disposição de colocar portfólio em OpenRAN assim que ele entregar performance mais adequada, pois me preocupa onde se precisa de mais desempenho".

Facebook

Head do Facebook para o consórcio Telecom Infra Project (TIP) na América Latina, Giovanni Siqueira afirmou que a ideia do OpenRAN trazendo algum prejuízo à performance precisa ser desmistificada. Segundo ele, além de se tratar de um ecossistema bastante heterogêneo, com diferentes níveis de maturidade entre os players, a opção já estaria sendo adotada por players grandes como Vodafone, Rakuten e Dish.

Ainda assim, Siqueira pontuou que em muitas localidades (como cidades menores e áreas com pouca cobertura), outras variáveis são mais importantes que uma performance necessária para grandes regiões urbanas. "Existem muitos sites onde essa performance toda não se aplica, e que podem usar soluções mais de cobertura do que alta velocidade", argumentou.

Integração

Por outro lado, o representante do Facebook (que busca soluções de infraestrutura para conectividade através do TIP) reconheceu que a integração no OpenRAN será um desafio. Nesse sentido, Siqueira pontua que diferentes modelos estão sendo utlizados.

"Baseado no que tenho visto na América Latina, a tendência é a preferência pelo modelo com um integrador", afirmou; eventualmente, empresas como IBM, Amdocs, NEC e Logicalis poderiam ocupar tal papel, segundo ele. "Já na Europa, tem se contratado o fornecedor diretamente e integradores apenas para algumas áreas. Enquanto isso, empresas com recursos como a AT&T negociam diretamente e fazem a integração sem a figura do integrador".

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