Em apresentação durante o segundo dia do Painel Telebrasil, o CEO da Telefônica Brasil, Christian Gebara, confirmou para 2019 o investimento de R$ 1 bilhão a mais do que o aportado no ano passado – totalizando cerca de R$ 9 bilhões. Mas o executivo lembrou que o setor de telecom, de maneira geral, segue penalizado por obrigações obsoletas, alta carga tributária e leis restritivas que culminam em uma pressão sobre a rentabilidade.
"Considerando os últimos dez anos de presença no Brasil, são quase R$ 80 bilhões [aportados], e esse ano vamos investir mais que a média dos últimos anos. Continuamos apostando no Brasil, mas somos penalizados por não termos aumento de receitas, enquanto o investimento segue crescendo de maneira acelerada. Se olharmos nosso retorno sobre capital empregado, o setor tem números por debaixo do retorno de capital no Brasil", assinalou Gebara. Em 2018, os investimentos da empresa no País cresceram 2,4%; as receitas líquidas, 0,6%. Já o retorno sobre capital empregado (ROCE) do setor ficou em 11,4%.
O executivo também destacou a carga tributária elevada incidente sobre as teles brasileiras. "Usando os EUA como exemplo, a diferença é brutal". Conforme dados apresentados por Gebara, a mordida brasileira sobre telecom alcançaria 43%, contra 13% no território norte-americano. Adicionalmente, mais de 300 leis locais – sejam elas municipais ou estaduais – engessam ainda mais a atividade, sobretudo no que tange infraestrutura. "A gente quer sim colocar mais antenas, mas nos impedem". O mesmo vale para as obrigações "obsoletas", onde a concessão de STFC surge como elemento mais notório. "O tráfego de voz fixa cai de maneira significativa com impacto direto nos resultados, mas a regulamentação segue vigente".
Entre as habilitadoras de uma mudança possível no cenário estariam a aprovação do PLC 79, um leilão 5G sem viés arrecadatório, o desenvolvimento de ecossistema para IoT e um novo regulamento de qualidade que não seja punitivo, conforme caminho que deve ser seguido pela Anatel.